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Poema e Poesia de Camilo Pessanha

Amor
Camilo Pessanha

Crepuscular

Há no ambiente um murmúrio de queixume, 
De desejos de amor, d'ais comprimidos... 
Uma ternura esparsa de balidos, 
Sente-se esmorecer como um perfume. 
As madressilvas murcham nos silvados 
E o aroma que exalam pelo espaço, 
Tem delíquios de gozo e de cansaço, 
Nervosos, femininos, delicados, 
Sentem-se espasmos, agonias d'ave, 
Inapreensíveis, mínimas, serenas... 
_ Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas, 
O meu olhar no teu olhar suave. 
As tuas mãos tão brancas d'anemia... 
Os teus olhos tão meigos de tristeza... 
_ É este enlanguescer da natureza, 
Este vago sofrer do fim do dia. 

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

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