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Poema e Poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen

A minha vida é o mar o Abril a rua 
O meu interior é uma atenção voltada para fora 
O meu viver escuta 
A frase que de coisa em coisa silabada 
Grava no espaço e no tempo a sua escrita 

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro 
Sabendo que o real o mostrará 

Não tenho explicações 
Olho e confronto 
E por método é nu meu pensamento 

A terra o sol o vento o mar 
São a minha biografia e são meu rosto 

Por isso não me peçam cartão de identidade 
Pois nenhum outro senão o mundo tenho 
Não me peçam opiniões nem entrevistas 
Não me perguntem datas nem moradas 
De tudo quanto vejo me acrescento 

E a hora da minha morte aflora lentamente 
Cada dia preparada

em "Geografia", 1962

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