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Poema e Poesia de Manuel Maria Barbosa du Bocage

Amor
Manuel Maria Barbosa du Bocage

Amor Sem Fruto, Amor Sem Esperança

Amor sem fruto, amor sem esperança 
É mais nobre, mais puro, 
Que o que, domando a ríspida esquivança, 
Jaz dos agrados nas prisões seguro. 
Meu leal coração, constante e forte, 
Vendo a teu lado acesos, 
Flérida ingrata, os ódios, os desprezos, 
O rigor, a tristeza, a raiva, a morte, 
Forjando contra mim, por ordem tua, 
Mil setas venenosas, 
Em prémio destas lágrimas saudosas, 
Inda assim continua 
A abrasar-se em teus olhos... Vis amantes, 
Corações inconstantes, 
De sórdidas paixões envenenados, 
Vós, a cujos ardores, 
A cujos desbocados 
Infames apetites 
A Virtude, a Razão não põe limites, 
Suspirai por ilícitos favores, 
Cevai-vos em torpíssimos desejos, 
Tratai, tratai de louco um amor casto, 
Que eu nos grilhões que arrasto; 
Tão limpos como o Sol, darei mil beijos. 
Peçonhenta aliança, 
Vergonhoso prazer, de vós não curo; 
De ti, sim, porque és puro, 
Amor sem fruto, amor sem esperança. 

Em 'Excerto de Flérida - Idílio Pastoral'

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