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Poema e Poesia de Luís Vaz de Camões

Amor
Luís Vaz de Camões

Se as Penas com que Amor Tão Mal me Trata

Se as penas com que Amor tão mal me trata 
Permitirem que eu tanto viva delas, 
Que veja escuro o lume das estrelas, 
Em cuja vista o meu se acende e mata; 

E se o tempo, que tudo desbarata, 
Secar as frescas rosas, sem colhê-las, 
Deixando a linda cor das tranças belas 
Mudada de ouro fino em fina prata; 

Também, Senhora, então vereis mudado 
O pensamento e a aspereza vossa, 
Quando não sirva já sua mudança. 

Ver-vos-eis suspirar por o passado, 
Em tempo quando executar-se possa 
No vosso arrepender minha vingança. 

em "Sonetos"

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