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Poema e Poesia de Luís Vaz de Camões

Amor
Luís Vaz de Camões

Cara Minha Inimiga

Cara minha inimiga, em cuja mão 
Pôs meus contentamentos a ventura, 
Faltou-te a ti na terra sepultura, 
Por que me falte a mim consolação. 

Eternamente as águas lograrão 
A tua peregrina formosura: 
Mas enquanto me a mim a vida dura, 
Sempre viva em minha alma te acharão. 

E, se meus rudos versos podem tanto, 
Que possam prometer-te longa história 
Daquele amor tão puro e verdadeiro, 

Celebrada serás sempre em meu canto: 
Porque, enquanto no mundo houver memória, 
Será a minha escritura o teu letreiro. 

em "Sonetos"

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