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Poema e Poesia de Luís Vaz de Camões

Amor
Luís Vaz de Camões

Quanto Mais me Paga, Mais me Deve

Passo por meus trabalhos tão isento 
De sentimento grande nem pequeno, 
Que só por a vontade com que peno 
Me fica Amor devendo mais tormento. 

Mas vai-me Amor matando tanto a tento, 
Temperando a triaga c'o veneno, 
Que do penar a ordem desordeno, 
Porque não mo consente o sofrimento. 

Porém se esta fineza o Amor sente 
E pagar-me meu mal com mal pretende, 
Torna-me com prazer como ao sol neve. 

Mas se me vê co'os males tão contente, 
Faz-se avaro da pena, porque entende 
Que quanto mais me paga, mais me deve. 

em "Sonetos"

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