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Hermann Hesse


1877 - 1962

Biografia

Hermann Hesse nasceu em 1877, em Calw (Alemanha), filho de missionários protestantes. Cedo entra em choque com os pais, que queriam o filho pastor; não se submete à disciplina da escola e foge para a Suíça onde adquire a nacionalidade suiça em 1923. 

O jovem escritor casa-se, mas continua revoltado contra o meio burguês e as convenções sociais - como se lê em Gertrud (1910). Muda-se para a Índia e conhece o budismo, que adoptaria pelo resto da vida.

Após o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, engaja-se em actividades contra o militarismo alemão. Em 1919, publica Demian, influenciado pelas ideias do psicanalista Carl G. Jung.

Sidarta é de 1922. Sem encontrar a solução para seus problemas na Índia, conta a história de sua vida em O Lobo da Estepe (1927). Em 1943, publica O Jogo das Contas de Vidro, romance utópico, situado no ano de 2200.

É considerado um dos maiores escritores deste século, igualando-se a contemporâneos ilustres como Thomas Mann e Franz Kafka. Laureado com o Prémio Nobel em 1946, as suas obras estão traduzidas em mais de 30 idiomas.



Livros escritos por Hermann Hesse





Diversos


O Lobo das Estepes

O Lobo das Estepes (pequeno excerto)

- Calma lá! - exclamou ela. - Calma! Não sabes mesmo dançar? Nem mesmo o onestep? E, no entanto, afirmas que só Deus sabe quanto a vida te tem custado! Isso é uma grande mentira rapaz, e já não fica muito bem mentir na tua idade. Como podes dizer que a vida te custou muito se nem sequer sabes dançar? 
- Mas a verdade é que não sei mesmo. Nunca aprendi.
Ela riu.
- Mas aprendeste a ler e a escrever, não foi? E também a fazer contas, e talvez até tenhas aprendido latim e francês e esse tipo de coisas? Aposto que passaste dez ou doze anos na escola e depois fizeste um curso superior, e porventura até te doutoraste e sabes falar chinês e espanhol. Ou não é assim? Ora muito bem. No entanto, não pudeste dispensar um pouco de dinheiro nem de tempo para aprenderes a dançar! Vejam só.
- Foram os meus pais - justifiquei-me -, fizeram-me aprender latim e grego e todas essas coisas, mas não me deixaram aprender a dançar. Não era costume entre nós; eles próprios não sabiam dançar.
Ela fitou-me com bastante frieza, um olhar repleto de desdém, e de novo o seu rosto me comunicou algo que me recordou os tempos de juventude. 
- Então quer dizer que a culpa é dos teus pais! Também lhes pediste autorização para vires ao Águia Preta esta noite? Pediste? Morreram há muito tempo, dizes tu? E então? Se foi por obediência que em rapaz não quiseste aprender a dançar, que seja! Embora não acredite que nessa altura tenhas sido um menino exemplar. Mas e depois... Que foi que fizeste depois, durante todos os anos que se seguiram? 
- Ah, sei lá! - confessei. - Eu próprio já nem me lembro. Estudei, aprendi música, li e escrevi livros, viajei...
- Que visão tão estranha tu tens na vida! Quer então dizer que fizeste sempre coisas difíceis e complicadas, mas não aprendeste as mais simples? Não tiveste tempo? Não tiveste vontade? Bem, seja, mas podes agradecer a Deus não ser tua mãe. Agora fazeres como se tivesses experimentado tudo na vida e achares que nada ganhaste, isso é que não pode ser!
- Não ralhe comigo! - implorei. - Já sei que sou doido.
- Ora, não me venhas com essa cantiga! ès tudo menos doido, senhor professor, para mim não és doido o suficiente! Quer-me parecer que, bem à semelhança de um professor, és muito esperto de uma forma disparatada. Vamos, como outro pãozinho. Depois logo me contas mais.

Fonte: Livro

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