Urbano Tavares Rodrigues
Biografia
Nasce em Lisboa no ano de 1923 e passa a infância no Alentejo, próximo do Rio Ardila, perto de Moura. Licencia-se em Filologia Românica, doutorando-se em 1984 com uma tese sobre Manuel Teixeira Gomes.
Foi leitor de português em várias Universidades estrangeiras - Montpellier, Aix e Paris - entre os anos de 1949 e 1955, época em que se encontrava impedido de exercer docência universitária em Portugal por motivos políticos. Depois da Revolução de 1974 retoma, em Portugal, a actividade docente.
Em 1993, jubila-se como Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É membro efectivo da Academia de Ciências de Lisboa e membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.
A sua vasta obra está traduzida em várias línguas. A sua ficção tem como característica principal a tomada de consciência do indivíduo face a si mesmo e aos outros, processo que se desenvolve até ao reconhecimento de uma identidade social e política.
Já foi distinguido com vários galardões literários: Ricardo Malheiros; Aquilino Ribeiro e Fernando Namora; Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários; Prémio da Imprensa Cultural; Prémio Vida Literária - atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores; O Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco.
Livros escritos por Urbano Tavares Rodrigues
Vídeos de Urbano Tavares Rodrigues
Diversos
Conto de Fadas
Urbano Tavares RodriguesConto de FadasA Imensa Boca Dessa Angústia e Outras Histórias (D. Quixote)Uma estrela cadente roçou por mim nessa tarde, incendiaram-se as sarças à beira do caminho e ouvi estouros e ofogo alastrou pelas bermas ainda há pouco verdejantes da estrada real.- Vem comigo, meu lindo desamparado, sempre triste, disse-me uma estranha criatura, muito alta, com longoscabelos louros e chifres na cabeça.Toquei-lhe os corninhos por curiosidade e ela disse-me:- Não mexas aí, é território sagrado.- Quem és tu, afinal?- Sou a fada má dos teus delírios.- E queres fazer-me mal?- Não, tu encantaste-me. Terás que te acautelar com a fada boa, porque está cheia de inveja.- Que é que me dás?- O que é que tu queres?- Quero um carro de desporto e a jovem que é para mim a beleza absoluta no ser humano.- E onde é que ela está?- No íntimo dos meus sonhos.- Como é que ela se chama?- Amor louco.A fada bateu com a varinha de condão numa rocha, da qual jorrou água muito pura, e da brancura do repuxo ergueu-se, límpida e nua, a rapariga perfeita, a sorrir-me, a minha ideia sublime de beleza.Agarrei-me a ela, quase a desmaiar de tanta felicidade.- Cuidado com a fada boa, está desesperada - disse-me ela.- Não te preocupes. Com o meu amor em mim sou invencível.- Não, tu encantaste-me
Fonte: A Imensa Boca Dessa Angústia e Outras Histórias (D. Quixote)