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Orlando Loureiro Neves


1935

Biografia

Orlando Loureiro Neves nasceu em Portalegre, Portugal. a 11 de Setembro de 1935, fez os seus estudos primários em Lisboa e nas Caldas da Rainha, os secundários em Lisboa (Liceu Gil Vicente), no Porto (D. Manuel II), Guimarães (Liceu Nacional de Guimarães) e, de novo, no Porto (Liceu D. Manuel II). Dispensado do exame de admissão, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, tendo-se licenciado em Junho, 1958, com 22 anos. Na Faculdade de Direito, foi director cultural da Associação Académica, tendo colaborado na criação do Grupo Cénico da Faculdade. No ano lectivo de 1957-1958 foi eleito Presidente da Associação Académica, intervindo, directamente, como elemento da coordenadora RIA (Reunião Inter-Associações) nas contestações ao célebre decreto 40.900, o rastilho das revoltas estudantis que se seguiram. Foi, também, fundador e primeiro director da revista, órgão da Associação Académica, Quadrante. Durante curtos meses foi subdelegado de procurador da República, cargo que abandonou para se dedicar à candidatura à advocacia. Cedo reconheceu que não era essa a sua vocação. Entrou para os quadros dos Emissores do Norte Reunidos, onde foi locutor, produtor e autor de programas radiofónicos de natureza geral e cultural (introduziu na Emissora programas de teatro radiofónico fazendo passar, pela primeira vez, peças de autores proibidos pela Censura, então ainda pouco atenta às estações de rádio particulares; ali apresentou, por exemplo, em estreia, em Portugal, Brecht e a sua peça em 1 acto, Aquele que diz sim e aquele que diz não. No mesmo período colaborou, com assiduidade, no Rádio Clube Português, delegação do Norte. Trabalhou, no Porto, como director dos serviços de Publicidade e Relações Públicas da fábrica EFACEC, sendo igualmente director da ADEFA (Associação do Pessoal da EFACEC). Nessa qualidade promoveu a ida às instalações da fábrica (para serem homenageados e falarem aos trabalhadores) dos escritores Ferreira de Castro e Aquilino Ribeiro, este, seu amigo pessoal. Também na EFACEC, por sua iniciativa, se realizou o que foi considerado pioneiro: o Teatro Experimental do Porto deslocou-se às instalações e, no meio das máquinas, em palco improvisado, representou duas peças de teatro (de Almeida Garrett). Estas realizações foram suspensas devido a pressões políticas. Na época e dado o seu interesse pelo Teatro, foi um dos colaboradores do Grupo de Teatro Moderno dos Fenianos da cidade do Porto, dirigido por Luís de Lima. Convidado pelo Prof. Noronha Feio, fez parte, como Vice-presidente, da lista vencedora das eleições para os corpos directivos do Teatro Experimental do Porto. Nos dois anos seguintes foi eleito Presidente. Nesses anos procedeu a uma revitalização do TEP, após a saída de António Pedro. Foi, então, que a seu convite, Carlos Avilez, se estreou, profissionalmente, como encenador e, mais tarde, Rui de Carvalho, que convidou para actor e director da Companhia, onde se manteve por uma ou duas épocas. Contratou para o elenco de TEP, além dos nomes citados, entre outros, Glicínia Quartin, Fernanda Alves, Alina Vaz, tendo também proporcionado a Ernesto de Sousa a sua estreia como encenador. Nessa época, igualmente, trouxe, de grupos de amadores e universitários, para o profissionalismo, actores como António Montez, Mário Jacques, Júlio Cardoso, David Silva, Augusto Leal, etc. Fundou e dirigiu o Boletim do TEP, que era na prática uma revista de teatro. Em 1965 volta a Lisboa e entra para o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, como documentalista, director de publicações. No ano seguinte, ao ser convidado pelo Engº Manuel Rocha para fazer parte do quadro, recusou-se a assinar a declaração de não-prática de actos contra a política do Estado Novo, pelo que, apesar da sua nomeação estar já assinada pelo Ministro Arantes e Oliveira, não pôde permanecer no LNEC. Entra, seguidamente, para a redacção do jornal República, na direcção de Carvalhão Duarte e Alfredo Guisado. Aí inicia a profissão de jornalista, especializando-se nos temas culturais, sendo durante anos, crítico de teatro e televisão. Encarrega-se da coordenação de vários suplementos como Um certo humor, Jornal de Crítica, República Juvenil e O assunto é Teatro, primeiro e único suplemento de um diário com a temática de teatro. Entretanto, fazia parte da redacção da revista Vida Mundial onde, além do trabalho de carteira, crónicas, entrevistas, etc, desempenhava as funções de crítico de teatro e televisão. Abandonou a redacção, juntamente com cerca de uma dezena de jornalistas, em 1969, aquando das eleições para a Assembleia Nacional, por a direcção da Revista ter tomado a decisão de colocar a publicação ao serviço da União Nacional. Durante estes anos de permanência na República cria a Livraria Opinião, na Rua Nova da Misericórdia. Juntam-se-lhe algumas dezenas de escritores e outras personalidades e surge a Opinião SARL, uma livraria que fez época pela originalidade da organização do seu espaço, distribuído por quatro andares, como livraria, galeria de Arte (dirigida por Leonor Praça) e bar (no último andar) e pelos lançamentos de livros que causaram, pela enorme afluência, problemas com a polícia política. Nos anos de jornalista assalariado fez dezenas de traduções, editadas, em especial, peças de teatro, a maioria destas representadas ou emitidas em teatro radiofónico. Em 1971-1972 é convidado, pelo recentemente instalado Círculo de Leitores, para dirigir a sua revista de livros. Meses depois, a direcção alemã-espanhola do Círculo convida-o para director literário, pelo que foi compelido a abandonar a redacção da República e a Livraria Opinião. No Círculo de Leitores passa a orientar a programação de livros e discos. A partir de 1973 acumula o cargo de director literário e musical com o de director de produção de livros e discos. Em Julho de 1974 foi despedido, sem justa causa, pela administração alemã, por, após o 25 de Abril, ter colaborado e presidido à Assembleia Geral de Trabalhadores que decretou, em Maio de 1974, uma greve de reivindicações salariais. Ainda em Julho de 1974 assume a direcção literária e de produção da Portugália Editora onde cria várias novas colecções, acertadas com o tempo democrático e de grande êxito junto do público. Todavia, em Dezembro do mesmo ano, sai, por discordância com os então proprietários da Editora, que pretendiam uma viragem extrema (politicamente) da orientação editorial. O seu acto de saída, divulgado por toda a comunicação social, recebeu o apoio público de grande número de escritores, entre os quais José Gomes Ferreira, autor contratado da Portugália. Em Fevereiro de 1975, funda com outros escritores, a Cooperativa Editorial Diabril para a qual leva José Gomes Ferreira de quem publica várias reedições e novos títulos. Durante a existência da Companhia Nacional Popular de Teatro, dirigida por Carlos Wallenstein, no S. Luiz, em Lisboa, foi o director de Relações Públicas e Acessor para a Comunicação Social. Regressa ao jornalismo como free-lancer. Colabora, regularmente nos jornais A Luta e Expresso, onde faz, no primeiro, crítica de televisão e, no segundo, crítica de teatro, televisão e livros. Passa, depois, para o Diário de Notícias em 1980, onde publica crónicas, crítica de rádio (as rádios locais elegem-no, em 1986, o melhor crítico de rádio), crítica de teatro e televisão, numa colaboração diária. Durante um ano, em 1980, é autor e apresentador do programa cultural semanal Manta de retalhos, na RTP-1, considerado, unanimemente, pela crítica da época como o melhor programa cultural de televisão feito até então. Na mesma altura, foi co-autor da primeira série do programa radiofónico Pão com manteiga. Em 1984 encena no Teatro Nacional D. Maria II, na direcção de António Braz Teixeira, por quem foi convidado, a peça de Vicente Sanches, A birra do morto, que obteve o Prémio Revelação em Encenação da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. Em 1985-1986 encena, na Fundação Gulbenkian, no ciclo Retorno à Tragédia, as peças À procura da Tragédia, e, de Jorge de Sena, O Indesejado, primeira encenação desta peça, que foi escolhida como um dos cinco melhores espectáculos do ano, pela SEC. Em 1992, aquando da remodelação do Diário de Notícias, sai, passando a dedicar-se, exclusivamente, à profissão de escritor.

Outras Actividades Culturais: Para além das já mencionadas, foi fundador e primeiro presidente do Cineclube Universitário do Porto, membro da direcção da Casa de Imprensa de Lisboa, director da ompanhia Teatral Rafael de Oliveira (na sua fase amadora), vice-presidente do Clube de Jornalistas de Lisboa, presidente da Associação Património XXI, dedicada à defesa do património monumental do País, vice-presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos, presidente da Associação Cultural Sol XXI que tem organizado, por todo o País, vários encontros e jornadas de divulgação cultural. Dirigiu ou co-dirigiu as publicações, além das citadas: A Cidade (1959/1960) revista cultural e de actualidades, publicada no Porto, proibida posteriormente; Coordenada, revista cultural do Porto, suspensa; Memória do Cinema (1980), revista de cinema; Património XXI (1982/1984), revista sobre o património; Sol XXI, revista literária e cultural até à publicação do seu número 17. Ao longo da sua vida colaborou em jornais e revistas de todo o País, das quais se destaca: Bandarra, Vértice, Europa, Távola redonda, A esfera, Planície, Mundo, Século Ilustrado, Jornal de Letras e Artes, Jornal de Notícias, O Comércio do Porto, Diário de Coimbra, Diário Ilustrado, Diário Popular, Jornal do Fundão, Europeu, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Letras e letras, Sirgo, A cidade (Portalegre), Colóquio/Letras, Calípole, Sol XXI, etc.



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