Sinopse
Al-Mu’tamid nasceu em Beja, em 1040. Nessa época, a poesia e a cultura floresciam nas cortes árabes, mas após a queda de Córdova, o Sul de Espanha fragmentara-se em inúmeras taifas que se digladiavam entre si ao sabor das aspirações de poder e de prestígio. Herdeiro de uma das mais poderosas dinastias então reinantes que governava Sevilha, Al-Mu’tamid era um homem de índole benévola, amante de tertúlias, apaixonado pela beleza feminina e pela mulher que sempre esteve a seu lado, Itimad. Depois da morte do seu pai, o Rei-Poeta procurou promover o seu próprio plano estratégico para pacificar o al-Andaluz, mas em breve teria de defrontar-se com D. Afonso VI de Castela, avô materno de Afonso Henriques, que sonhava com uma Península cristã e, em simultâneo, com a traição de Ibn Ammad, o amigo de sempre, que nomeara grão-vizir. Um único recurso lhe restou: apelar para Ibn Tashfîn, rei de Marrocos, um homem ambicioso, que combatia sob o pretexto da já então fundamentalista jihad. Nesta crónica ficcionada, hipoteticamente escrita já no exílio pelo Rei-Poeta – na realidade, o primeiro romance escrito sobre esta notável figura da história peninsular –, Ana Cristina Silva acede com inquieta curiosidade à consciência de alguém que suportou até ao limite situações extremas, assumindo papéis e responsabilidades tão contrários aos sonhos da sua juventude e dos seus anseios pessoais.