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Novidades Edições Colibri para Janeiro
Conheça aqui as principais novidades das Edições Colibri para o mês de Janeiro.
O Caderno de Capa Preta – Memórias de um viver já vivido
Autor: Leonel da Cunha
Nem sempre somos dos lugares onde nascemos. Por vezes, criamos raízes nos sítios que nos viram crescer, que nos acolheram e desses lugares fazemos casa, refúgio, princípio e fim. Eu próprio fiz isso.
Leonel da Cunha diz-se ser um filho adotivo de Vendas Novas, mas amando esta terra como ele ama, certamente este local já o tem como seu descendente legítimo. Em mais uma das suas obras, ele relata o apego que tem a este lugar, sendo aquilo que ele melhor sabe ser – um exímio contador de estórias.
As memórias são a nossa maior herança. Numa época em que tudo muda a uma furiosa velocidade, são ainda muitos os “livros de capa preta” que nos salvam. Nesta sua obra, percorremos outros tempos que esta nossa Vendas Novas experimentou. Revisitamos tempos atrás através das suas palavras e recordamos estórias, vidas, momentos que estavam no passado das conversas longas de verão com as nossas avós.
[Leonel Carlos Piteira Dias (presidente da câmara municipal de vendas novas)]
Poder e estatuto em Portugal no final da Idade Média – Os Lobo entre a cavalaria e a baronia
Autor: André Madruga Coelho
Ontem como hoje, o poder e o estatuto são marcas inconfundíveis da experiência humana. Neste livro, estes temas são analisados no contexto do final da Idade Média em Portugal a partir de um estudo de caso – o percurso da linhagem dos Lobo. Originários da cidade de Évora, os Lobo souberam aproveitar os momentos de crise e conflito para ascenderem política e socialmente, em especial através do apoio dado aos reis da dinastia de Avis. Ao patrocínio régio associaram o controlo do poder local, que consolidaram através da participação em redes familiares e de dependência, formularam uma memória coletiva que os unia e constituíram uma base patrimonial que lhes permitiu manter um estilo de vida prestigiante. Contudo, os vários ramos da linhagem dos Lobo tiveram sucessos desiguais, com os senhores de Alvito a serem os que mais foram favorecidos pelas voltas da roda da fortuna.
Desta maneira, os Lobo são um caso exemplar de mobilidade social ascendente no final da Idade Média portuguesa, dos mecanismos de consolidação e reprodução do poder, das fontes de prestígio e legitimação do estatuto social.
Acompanhar o percurso dos Lobo é surpreender as lógicas estruturadoras e as dinâmicas da sociedade e do poder tardo-medievais.
Refugiados da Segunda Guerra Mundial nas Caldas da Rainha (1940-1946)
Autora: Carolina Henriques Pereira
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) legou à Europa e ao mundo um cenário de devastação material e humana sem precedentes na contemporaneidade. Os avanços a Leste e a Oeste das tropas alemãs, conduziram a um afluxo de milhares de judeus e não-judeus nos territórios europeus. A fuga prosseguia à medida que os territórios onde se encontravam iam sendo sucessivamente invadidos e ocupados pelos nazis. Neste período, milhares de refugiados chegaram a Portugal e por aí transitaram para os territórios além-mar, sobretudo, para o continente americano. A sua presença não era, todavia, bem aceite pela maior parte dos governos europeus, pois estes viam nos refugiados um inconveniente político e uma ameaça socioeconómica. Portugal não foi exceção. Apesar do clima de hospitalidade, é importante desmistificar a ideia de que Portugal acolheu todos os «indesejáveis» que a Europa violentou e expulsou.
O estudo que aqui se apresenta resulta de uma expressa vontade em recuperar a memória dos refugiados que encontraram nas Caldas da Rainha o seu porto de abrigo, entre os anos de 1940 a 1946. Num momento em que a crise dos refugiados enche as manchetes dos jornais e regressa impetuosamente às agendas europeias e mundiais, considerou-se fundamental fazer emergir das profundezas esse passado tão presente. As perseguições, a guerra e as dificuldades que experimentaram na sua fuga até conseguirem aportar com segurança nesta cidade portuguesa, bem como as vivências que aí foram desenvolvendo ao longo dos anos, compuseram os alicerces que edificam este trabalho. Procurou-se responder a uma série de perguntas – quem eram? de onde vinham? de que fugiam? como foram recebidos pela população caldense? – de forma a contribuir para a análise da sua presença e do impacto que esta causou na localidade. Uma coisa é certa: nas Caldas, o receio e a desconfiança da circunstância deram lugar ao ânimo e à esperança no futuro.
Título: Retratos de Passagem
Autora: Leonor Sobral
Mundo espesso de ferocidade e de escassez, em tempos de Estado Novo, da Grande Guerra e na culminância da Guerra Civil Espanhola, onde vidas o perfuram condicionadas pelo género, padecimentos, geografia e demais conjunturas; Nele se eternizam intrépidas paixões como aquela entre Alberto Caeiro e a amada quimérica; como a realidade amorosa entre Bernardino Távora e a amada efetiva Carol Joyce, estes, arquétipos de existências com cintilações não complanares. Nele se abate o peso das guerras, a vaticinar metamorfose nos direitos do género feminino – ainda incompleta no presente – numa luta desigual mas que esmagará, a seu tempo, a argumentação Freudiana: “a anatomia é o seu destino”.
Saberes Nómadas – Conhecimento, Património e Valores Sociais
Autor: Eduardo Esperança
Saberes nómadas foi a expressão que me ocorreu para nomear este trabalho muito depois dele se ter chamado “migrações do saber”. Na altura, e após um sério trabalho em volta do Património, Valores e seus condicionamentos, a navegação das leituras no intervalo das aulas empurrava-me para duas galáxias que se fertilizavam e podia ir observando com algum fascínio; o início da expansão da internet e dos conteúdos online e, ao mesmo tempo, como resultado, o sonho Borgeano tornado realidade do nascimento da grande biblioteca global. Esse sonho concretizado arrastava com ele algumas temáticas inadiáveis e que me atravessavam o espírito todos os dias sempre que me sentava ao computador e acedia a essa “biblioteca”. Isto explica um pouco estas duas vertentes que parecem, mas não são paralelas: de um lado o pensar a Cultura e a Memória, ao mesmo tempo como grandes objectos sociológicos, com todos os factores e vertentes que nos explodem na cara com a introdução de novos gadgets e modos de pensar mobilizados pelo objecto concreto como pelo software que o energiza. Por outro lado, ensaiar alguma capacidade de recuo e análise dos substratos que podem ainda suportar os quotidianos da vida no espaço público, como aquilo que ainda podemos nomear como reserva de conhecimento que se vai disseminando com a ajuda da rede um pouco por todo o lado.
Hoje, a relação com os objectos, a constituição dos sujeitos, etc, encontra essencialmente duas sociologias: as condições da experiência contemporânea reduzem os objectos existentes ao número dos que se mostram e aparecem ou evoluem no espaço público.
Estes são os objectos que observo – essas duas sociologias. Uma delas é a ciência dos livros de texto, dos manuais e sebentas, que se estabiliza a dois níveis: nos livros e no estudo (dos que são estudados) e se actualizam na escola no modo como são trazidas ao presente e à percepção. A outra ciência técnica é a dita profissional, supostamente aplicada e abusada, que envolve, por exemplo, as sondagens, as estatísticas, os levantamentos e os estudos exploratórios, etc, com os quais vão, por exemplo, os sociólogos fazendo pela vida.
(...) Na Idade Média era Deus, ou melhor, os seus agentes na terra. Era uma experiência unificada (por Deus) e calma, que em parte do Alentejo ainda tem a felicidade de viver. Tudo isto até que um “herege” chamado Gutemberg inventou a imprensa e estragou tudo: inventou a imprensa, inventou os protestantes, inventou os iluministas, as indulgências baratas. Inventou o que mais tarde se veio a chamar a fragmentação da experiência – fragmentação por campos de acção mas, especialmente, fragmentação por campos de legitimação dos saberes. Ora, os campos de legitimação dos saberes, são precisamente o espaço cada vez mais virtual onde se decide a se actualiza o que está direito e o que está torto.