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Poema e Poesia de Antero de Quental

Amor
Antero de Quental

Aparição

Um dia, meu amor (e talvez cedo, 
Que já sinto estalar-me o coração!) 
Recordarás com dor e compaixão 
As ternas juras que te fiz a medo... 

Então, da casta alcova no segredo, 
Da lamparina ao trémulo clarão, 
Ante ti surgirei, espectro vão, 
Larva fugida ao sepulcral degredo... 

E tu, meu anjo, ao ver-me, entre gemidos 
E aflitos ais, estenderás os braços 
Tentando segurar-te aos meus vestidos... 

— «Ouve! espera!» — Mas eu, sem te escutar, 
Fugirei, como um sonho, aos teus abraços 
E como fumo sumir-me-ei no ar! 

Antero de Quental, in "Sonetos"

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