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Raízes - Mário de Carvalho


EM RELANCE

2012-07-06 00:00:00

EM RELANCE

Só vale a pena ler o que nos seduz, surpreende, ou o com que se aprende alguma coisa. Sim, cara leitora, acabo de escrever «o com que», poderei escrever noutras ocasiões «o de que» ou «o em que» e posso assegurar-lhe que se trata de construções gramaticais legítimas e largamente abonadas. Talvez não muito bonitas nem fluentes, Mas literariamente aceitáveis. A nossa literatura está cheia destes dispositivos prontos a serem retomados, revigorados e despedidos para ferirem em qualquer lado uma nota de diferença, de estranhamento, às vezes de qualidade, como uma jóia antiga que se traz disfarçadamente entre gangas.

Isto para retomar um velho cavalo de batalha: a linguagem literária implica sempre alguma ponderação, alguma busca (rebusca?), alguma inovação. Obriga ao confronto com uma língua (outras línguas?), uma cultura (outras culturas?), uma literatura (outras literaturas?).

E quando se opta por uma linguagem mínima, ou pela captação duma voz popular (Cardoso Pires é exímio nisso) tem de haver um novo arranjo que suponha uma consciência do texto e da índole da língua capaz de surpreender, seduzir, ou trazer alguma coisa de diferente.

Se não, não. Lamento.

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