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Notícias


Novidades Leya - Outubro de 2025

O Surpreendente Silêncio dos Homens

Rita Ferro

Nas livrarias a 14 de Outubro

 O livro que assinala, sete anos depois, o regresso de Rita Ferro à ficção.

«Cuidado, está ali um homem...» – a cautela começa na infância, preparando as meninas para a imprevisibilidade dos homens e, ao mesmo tempo, para o amor e a vida a dois. Mas como se pode crescer amando-os, desejando-os e temendo-os? Como se distingue, a tempo, quem nos beija de quem nos faz mal? Um medo hereditário, passado de avós para filhas e para netas que, parecendo exuberante, se fundamenta: entre a população mundial, 95% dos homicídios, do espancamento de mulheres e dos assaltos sexuais são executados por homens.

Maria da Graça, filha única de inexplicável beleza, cresce alarmada com esta ameaça, mas vence o medo para abrir todas as portas. Em casa, é envolvida pelos seus numa teia opressiva de segredos que vai descerrando aos poucos e dá razão a quem a preparou para o pior.

O Surpreendente Silêncio dos Homens é um grito de alerta ante a escalada mundial da brutalidade contra as mulheres e um romance emocionante sobre o papel redentor, sempre desdenhado, que elas desempenham no equilíbrio da humanidade, escrito por quem há muito reflecte sobre os labirintos da natureza feminina, para lá da poesia e dos lugares-comuns do amor e da paixão.

 

A Cinco Palmos dos Olhos

Carlos Campaniço

Casa das Letras

Literatura Lusófona

Nas livrarias a 14 de Outubro

 A história de uma aldeia a emergir da Revolução, através do inconfundível estilo do autor, que nos oferece uma obra profundamente original.

Pouco depois do 25 de Abril, os trabalhadores rurais do Sul ocupam a terra dos latifundiários para quem trabalharam como escravos ao longo de décadas. Em Aldeia Velha – o lugar onde decorre a acção deste romance – a sociedade depara-se de repente com as mudanças criadas pela Reforma Agrária, mas também com as consequências do fim da Guerra Colonial e as novas liberdades trazidas pela Revolução.

Veremos, por isso, como reagem os que perderam as propriedades (e se insurgem ou resignam com a situação) e os que continuam a trabalhar de sol a sol, embora agora para seu próprio sustento. E também os que, depois de terem lutado anos pela democracia, são agora membros do Partido e ocupam funções de relevo, ou os que acreditaram no mundo perfeito e vêem os seus sonhos esfarelar-se todos os dias. Mas há também coisas que nunca mudam, por mais que os tempos tenham mudado: a bisbilhotice, a mentira, a má-língua, a maldade, o sofrimento.

Num romance em que a verdadeira personagem é a própria aldeia – na qual o bulício das vidas individuais funciona como uma espécie de música de fundo – é curiosamente o carteiro – aquele que passa em todas as ruas e portas – o elo de ligação entre o padre, o merceeiro, o médico, a amante, o corno, o ricaço, o presidente da Junta e muitos outros, trazendo-nos a forma como cada um assimila os novos tempos e perspectiva o futuro. Porém, o muito que este homem cala é talvez aquilo que mais importa.

 

O Dom das Línguas

Dom Quixote

Nas livrarias a 14 de Outubro

Um novo livro de Coetzee, Prémio Nobel da Literatura, é sempre um acontecimento que, neste caso, ganha ainda maior proporção porque coincide com a vinda do grande escritor sul-africano a Portugal para participar, em Óbidos, no Folio.

Neste diálogo entre um laureado com o prémio Nobel e uma importante tradutora, surgem ideias estimulantes acerca da evolução da língua e o desafio da tradução.

Historicamente falando, a língua foi sempre traiçoeira. Dois dicionários facultam diferentes mapas do universo: qual deles é verdadeiro, ou são ambos falsos?

O Dom das Línguas – assumindo a forma de um diálogo entre o romancista J. M. Coetzee e a eminente tradutora Mariana Dimópulos – explora questões que têm constantemente perseguido escritores e tradutores, hoje mais do que nunca.

Entre elas:

• Como pode o tradutor libertar significados aprisionados na língua de um texto?

• Por que razão a forma masculina é dominante em línguas com género, enquanto o feminino é tratado como um desvio?

• Como devemos contrariar a proliferação do monolinguismo?

• Deve o tradutor censurar linguagem racista ou misógina?

• A matemática diz a verdade acerca de tudo?

Na tradição do inspirador ensaio de Walter Benjamin intitulado «A Tarefa do Tradutor», O Dom das Línguas surge como um trabalho de filosofia aliciante e acessível, lançando luz sobre algumas das mais importantes questões linguísticas e filológicas do nosso tempo.

 

Um Punhado de Flechas

María Gainza

Dom Quixote

Nas livrarias a 21 de Outubro

Na senda do poderoso e aplaudido O Nervo Ótico, que fez leitores em todo o mundo e impressionou vivamente os escritores Cees Nooteboom e Vila-Matas, este é um livro de uma inteligência rara em que se entrecruzam a arte, a literatura e a vida.

O realizador Francis Ford Coppola viveu algum tempo em Buenos Aires, enquanto rodava o filme Tetro. E recrutou para o tempo da estadia um tradutor que – ele há coisas – era o marido da autora deste livro. Raramente falava com ela, mas, certa noite, durante um jantar em que ficaram os dois sozinhos à mesa, disse-lhe: «O artista vem ao mundo trazendo uma aljava com um número limitado de flechas douradas. Pode atirar todas as flechas ainda em jovem, já adulto ou mesmo na velhice. Também as pode ir atirando pouco a pouco, espaçadas ao longo dos anos. Isso seria ótimo, mas já sabes que o ótimo é inimigo do bom.»

Além de Coppola, Um Punhado de Flechas apresenta vários outros artistas e obras de arte através de episódios da vida da escritora. Entre outros, uma aguarela de Cézanne roubada de um museu de Buenos Aires; a casa de um colecionador; um passeio ao redor do Lago Walden, de Thoreau; as pinturas enigmáticas de Bodhi Wind de piscinas californianas, que apareceram no não menos enigmático filme Três Mulheres, de Robert Altman; algumas fotografias resgatadas de uma mala; as aventuras do pintor Francis Hopkinson e do seu assistente Moon, no México, e uma pintura amaldiçoada de Ticiano escondida em Tzintzuntzan…

Num estilo que rompe as fronteiras entre os géneros literários como acontecia com O Nervo Ótico, numa mescla de narrativa, ensaio e livro de arte, María Gainza continua a explorar novas formas de compreender a escrita e a vida e consolida a sua posição como uma das vozes mais estimulantes do cenário literário contemporâneo.

 

A Biblioteca do Censor de Livros

Bothayna Al-Essa

Nas livrarias a 21 de Outubro

Uma sátira ousada e fantástica sobre livros proibidos, arquivos secretos e o olho vigilante de um governo omnipresente e todo-poderoso. Primeiro livro da autora kuwaitiana em Portugal.

Há semanas que o novo censor de livros não tem uma noite de sono tranquilo. Durante o dia ocupa-se a passar a pente fino manuscritos de livros num gabinete governamental, à procura de qualquer pormenor capaz de tornar o livro impróprio para publicação – alusões a homossexualidade, a religiões não aprovadas, qualquer menção sobre a vida antes da Revolução. À noite, os seus sonhos povoam-se de personagens dos clássicos da literatura, e os romances que vai surripiando empilham-se na casa que partilha com a mulher e a filha.

Ao mesmo tempo que continua a ser atraído pelo canto da sereia das leituras proibidas, mergulha num mundo subterrâneo onde se cruzam combatentes da Resistência, uma livreira clandestina e bibliotecários fora-da-lei que tentam salvar a sua história e cultura.

Face à ameaça que a liberdade de expressão enfrenta globalmente e ao futuro sombrio a que o mundo está praticamente condenado, Bothayna Al-Essa combina a acerada distopia de 1984 e de Fahrenheit 451 com o absurdo descabelado de Alice no País das Maravilhas.

A Biblioteca do Censor de Livros é, ao mesmo tempo, um sinal de alerta e uma declaração de amor pelas histórias e o delicioso ato de nos deixarmos perder nelas.

 

Uma Vida de Jesus

Shusako Endo

Dom Quixote

Nas livrarias a 29 de Outubro

O romance que procura dar a conhecer, com interpretações do autor, uma perspectiva da vida de Jesus, ao longo de treze capítulos, baseada nos evangelhos.

Recriação da história de Jesus Cristo, Uma Vida de Jesus não é uma biografia, já que uma biografia, no sentido moderno do termo, seria impossível de escrever. Mas também não é um relato ficcionado: embora se sinta livre para especular sobre as motivações de Jesus e dos seus discípulos, Shusaku Endo não afirma nada além daquilo que os Evangelhos contêm.

É precisamente aí, nesse exíguo espaço que a ficção rouba à «verdade» dos Textos Sagrados, que reside a força e o fascínio deste livro. Endo – um dos mais destacados romancistas japoneses – escreveu-o para os seus compatriotas não católicos, num esforço para explicar quem foi Jesus e dar a conhecer os ideais pelos quais se bateu.

O resultado é uma obra que escapa aos limites das culturas e das línguas, uma história intemporal, tão estimulante para os leitores de hoje como o terá sido para aqueles que a ouviram nos tempos do Novo Testamento.

 

Shusako Endo (1923-1996), considerado um dos mais destacados escritores do século XX, escreveu a partir da perspetiva fora do comum de ser japonês e católico.

Nascido em Tóquio, foi batizado aos 12 anos, numa altura em que os cristãos representavam menos de um por cento da população japonesa.

Formou-se em Literatura Francesa, pela Universidade de Keio, e estudou durante algum tempo em Lyon como bolseiro do governo japonês.

O seu estilo tem sido sucessivamente comparado ao de Graham Greene, que aliás

 

Aquilo em Que Preferia não Pensar

Jente Posthuma

Dom Quixote

Nas livrarias a 14 de Outubro

Finalista do Booker Prize Internacional e traduzido em mais de uma dezena de línguas, é uma exploração comovente do luto, contada através de episódios breves e cirúrgicos, impregnados de uma suave melancolia e, o que é surpreendente, de um humor inesperado e corrosivo.

Ela coleciona camisolas. Ele tem dois gatos. Ambos adoram Nova Iorque e, aconteça o que acontecer, hão de mudar-se para lá quando fizerem 28 anos. Porém, de repente, ele diz que quer passar algum tempo sozinho. E se uma das metades de um par de gémeos não quiser continuar a viver? E se a outra não conseguir viver sem essa metade?

É esta a questão central do presente romance, em que a narradora é a gémea de um rapaz que se suicidou e relembra muitas histórias de infância e também as suas vidas adultas com mágoa, saudade, raiva e insegurança em relação ao futuro.

De uma maneira aparentemente desprendida mas muito perspicaz, Aquilo em Que Preferia não Pensar conta a história do que acontece quando a pessoa com que se constroem as bases de toda uma vida desaparece subitamente, e as memórias que restam são as de um pai que já era ausente antes de ter morrido e de uma mãe geóloga, fria como uma pedra.

Jente Posthuma publicou o seu romance de estreia em 2016, muito bem recebido pela imprensa e nomeado para o Prémio Literário Dioraphte e os prémios para Primeiro Romance Hebban e ANV.

O presente romance, que foi finalista do Prémio da União Europeia para a Literatura, esteve na shortlist do Booker Prize Internacional em 2024.

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Bertrand - Novidades até final do ano

Novidades até final do ano

A rentrée literária do Grupo BertrandCírculo traz novas obras de António Damásio, Frederico Lourenço, José Eduardo Agualusa, José Luís Peixoto, J. Rentes de Carvalho e José Tolentino Mendonça, num catálogo com várias dezenas de apostas que conta também com novidades de Ana Varela, Irene Flunser Pimentel, Maria João Fialho Gouveia, Luísa Castel-Branco, Pedro Andersson, Raquel Varela, Rafaela Ferraz e Vital Moreira. Até dezembro, estão previstas publicações do Prémio Nobel da Química, Venki Ramakrishnan, pela Temas e Debates; do Prémio Nobel da Física 2022, Alain Aspect, pela Bertrand; três livros de Stephen King, e diversos autores premiados.

Para celebrar os 50 anos de Salem’s Lot – A Hora do Vampiro, de Stephen King, chega uma nova edição às livrarias com design gráfico especial. A 6 de novembro, com estreia simultânea nos cinemas e nas livrarias, a Bertrand publica Jogo de Sobrevivência – The Running Man. Como não há duas sem três, teremos Stephen King em Hansel e Gretel, um pequeno tesouro da literatura, que junta um mestre da escrita e um mestre da ilustração, Maurice Sendak. Já em setembro, a Bertrand publica Huris, de Kamel Daoud, vencedor do Prémio Goncourt 2024, e Porque Se Enganam os Intelectuais, de Samuel Fitoussi. Em outubro, de Thrity Umrigar, chega O Canto dos Corações Rebeldes, o romance que conquistou milhões de leitores em todo o mundo. Na BertrandKids, assistimos ao lançamento de Betty Bum, a estrela de uma nova coleção infantojuvenil, da autoria de Capucine Lewalle e Chiara Baglioni.

A Temas e Debates prepara a publicação de Uma Breve História da Igualdade, de Sébastien Vassant e Stephen Desberg, uma novela gráfica segundo o livro de Thomas Piketty. Com coordenação de Amélia Polónia, chega às livrarias Construtoras de Impérios – Vozes de Mulheres na Expansão Portuguesa, onde se tecem novos debates, com forte base documental, sobre processos de exclusão e subalternidade, mas também de resistência, a que a historiografia atual não pode ser alheia. Irene Flunser Pimentel publica, em novembro, o livro Relações Perigosas. A Cumplicidade da PIDE com as Secretas Internacionais e, no final do ano, chega A Inteligência Natural & a Lógica da Consciência, de António Damásio, o primeiro livro que avança com a hipótese credível de como a consciência é produzida.

O último trimestre de 2025 traz boas novidades com a publicação dos novos romances de José Luís Peixoto e José Eduardo Agualusa, na Quetzal, que também terá espaço para um novo volume da Bíblia, traduzida por Frederico Lourenço. Muito aguardado é o regresso de Jung Chang com Voai, Cines Selvagens, a continuação de um dos maiores bestsellers e livros de memórias sobre a China, Cines Selvagens, originalmente publicado em 1991. Até ao fim do ano, está prevista a publicação de obras inéditas de J. Rentes de Carvalho e José Tolentino Mendonça.

Ainda em outubro, a Contraponto lança mais um volume da série Uma Longa Viagem, desta vez com autoria de Francisco Sena Santos e Clara Almeida Santos, que conversam com Alexandre Quintanilha, que partilha muito do tanto que ensinou e aprendeu. São quase uma centena de títulos que chegam às livrarias até ao final do ano, distribuídas pelas chancelas do Grupo BertrandCírculo: Bertrand, Temas e Debates, Quetzal, Contraponto, Pergaminho, ArtePlural e 11x17.

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Novidades Guerra e Paz - Setembro de 2025

Já os roubados beijos de Verão correm a esconder-se nas primeiras escuras nuvens, já começam a cair as folhas do nascente Outono, e é quando chegam os primeiros livros de Setembro. É o tempo exacto para lermos Sophia-Sena: As Cartas. As cartas escreveram-nas Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen, entre 1959 e 1978: são folhas escritas a magenta e ouro, o mais belo – belíssimo – carteio que dois escritores portugueses jamais trocaram. Neste livro, prepare-se para mergulhar num rio de ternura, exaltação, amargura, tanta beleza, exílio e pátria. Há 12 anos fora das livrarias, é uma nova edição, o meu orgulho de Outono.

E quantas folhas outonais, meio-século de Invernos até, não caíram já sobre o nosso império – ai, essa tanta terra, esse império colonial?! E, todavia, sabemos ainda tão pouco de tanta guerra. O historiador José Matos foi em busca de revelações e dá-nos conta, em Ataque Secreto - Operação Mar Verde em Conacri, da maior operação militar da guerra portuguesa em África. José Matos oferece aos leitores drama, informação, surpresas, glória e fracasso. Lê-lo é ir à guerra.

Bem para lá da guerra, com o patrocínio da Jaba Recordati, Anabela Chastre escreveu Luso Liderança - A Liderança Falada em Português e faz-nos uma proposta singular:  desenvolver um modelo de gestão comum, que afirme os países de língua portuguesa no cenário social e económico global.

E começa agora, outonal, o 4.º ano de Os Livros Não se Rendem, essa colecção de que a Fundação Manuel António da Mota e a Mota Gestão e Participações oferecem exemplares a cada uma das mais de 250 bibliotecas da rede pública nacional. Que doçura começar este 4.º ano com a bela Uma História da Filosofia, do francês Luc Ferry. Dos gregos ao presente, este livro é uma conversa que envolve o leitor, e que faz vivos os filósofos mortos. Faz também os velhos textos falar a língua dos nossos dias. Um livro de secretária, de cama, de café, para não largar de Outono a Outono.

Mecenas uma vez, mecenas duas vezes: a Fundação Manuel António da Mota e a Mota Gestão e Participações patrocinam os 5 livros da série Três Séculos de Economia Portuguesa. José Félix Ribeiro é o autor do terceiro, O Estado Novo: da autarcia à internacionalização da economia, um retrato do que foram os planos de fomento do regime de Salazar: um trabalho feito com rigor e sem viés… e sem uma folha morta.

Com a Nova School of Business and Economics e o alto patrocínio da Fundação Amélia de Mello, a colecção Histórias de Liderança vê crescer o seu património com a publicação da biografia de José Maria Sardinha, figura-chave das nossas engenharia mecânica e indústria naval. A autora é Dulce Garcia e o título da obra é José Sardinha - O Gigante Discreto. Não é que há mesmo lideranças inspiradoras!

Agora vejam, do trompete de Miles Davis tombam delicadas autumn leaves, e mais viva do que nunca a economia dança nas folhas perenes deste A Economia Como Eu a Amo e Quero Que a Amem, de Marlène Dolveck, com prefácio do Prémio Nobel, Jean Tirole: este é o livro que quer mesmo mostrar, com carinho, quase a fazer-nos festinhas, que a economia está ao alcance de todos, é útil e é uma ferramenta de lucidez e liberdade: varre-nos da cabeça as folhas secas.

Na minha cabeça, durante esta inteira newsletter, esteve sempre a cantar-se Les Feuilles Mortes, canção que o francês Joseph Kosma compôs e dez gerações de americanos reinventaram depois. Diria que foi a ver tombarem tantas folhas e a árvore da vida a murchar, que Pedro Gomes Sanches, cronista do Expresso, escreveu Rendição ou a Ascensão dos Idiotas, um livro arrebatado, combativo, identificando um ignaro e repressivo populismo no movimento woke. Guerra aberta, com uma prosa elegante e de cáustico humor, o Pedro é acompanhado pelo prefácio de João Pereira Coutinho e pelas elogiosas recomendações de duas figuras de pensamento tão diferente como Álvaro Beleza e Pedro Passos Coelho. Um livro forte e seguro, agora, quando as folhas de Outono começam a cair and I miss you most of all my darling.

É altura de deixar falar a Rita Fonseca, que na Crisântemo nos oferece A Liderança Veste Rosa, de Sandra May, uma autora multifacetada: foi militar, foi bailarina, escreve, é mãe e faz palestras. Quer provar-nos que é mesmo isso: essa bela variedade é que pode singularizar a liderança feminina. Com Sandra, não há folhas mortas, nem se prescinde de nada.

Na Euforia, a chancela que em 2025 tem crescido a quase 400%, a Rita quer assombrar o mercado com Rook & Rebel, de Kate Crew, um romance de motoqueiros tatuados, todo feito de alta velocidade. História de perseguição e vingança, mostra-nos que nem sempre a retaliação é uma auto-estrada. Sobretudo quando a atracção fatal se mete ao barulho.

Os gritos! É pelos gritos que começa o romance new adult de Molly Doyle. Na noite do Dia das Bruxas, em Grita por Nós há três mascarados a virem das sombras. E há uma mulher cativa. Há desejo e há perigo. Com uma certeza: o jogo termina ao amanhecer. Gritem, se não for assim.

Manuel S. Fonseca, editor

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Novidades Almedina – Setembro de 2025

Novidades Almedina – Setembro

A Minha Vida

Lev Trótski

DESTAQUE

A autobiografia de um dos líderes da Revolução de Outubro de 1917 e um dos principais opositores de Estaline.

 

Humano, demasiado Humano I

Um livro para espíritos livres

Friedrich Nietzsche

DESTAQUE

O primeiro livro da fase madura de Nietzsche. Primeira tradução integral em Portugal de uma obra incontornável da Filosofia.

 

O Essencial de Drucker

Uma seleção das melhores teorias do pai da Gestão moderna

Peter F. Drucker

DESTAQUE

O livro que transmite o melhor de 60 anos das obras essenciais de Peter F. Drucker. Os ensinamentos do pai da Gestão moderna.

 

Vítimas Perfeitas

A Condição Palestiniana

Mohammed El-Kurd

DESTAQUE

Uma afirmação urgente da condição palestiniana de recusa e resistência e uma ode à perseverança de uma

 

Cultura

Terry Eagleton

DESTAQUE

Do autor de Porque é que Marx Tinha Razão e Como Ler Literatura.

Um dos intelectuais mais lidos e comentados da atualidade.

 

Gaspar Ruiz e Um Par de Outras Histórias

Joseph Conrad

DESTAQUE

Do autor de Coração das Trevas.

 

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Novidades editoriais Leya - Setembro de 2025

Novidades editoriais do Grupo Leya - Setembro 2025

Introdução ao Liberalismo, de Miguel Morgado (Dom Quixote) - Depois de ter escrito sobre o conservadorismo, o professor universitário regressa com uma introdução à ideologia que parecia ter-se estabelecido como o «consenso indestrutível», mas que atravessa uma grave crise. À venda a 23 de setembro.

O Poder das Nossas Palavras, de Sandra Duarte Tavares (Oficina do Livro)  - As palavras são muito mais do que simples veículos de comunicação: são verdadeiros gatilhos químicos, capazes de moldar emoções, comportamentos e até a nossa saúde. Basta uma pergunta aparentemente inofensiva, dita ao telefone – «Tens a porta trancada?» – para fazer disparar o batimento cardíaco em poucos segundos. Cada palavra que ouvimos ou lemos ativa circuitos cerebrais que moldam o que pensamos, sentimos e como reagimos ao mundo à nossa volta. À venda a 9 de Setembro.

O Urso e a Águia, de Helena Ferro Gouveia (Oficina do Livro) - Uma história das relações atribuladas entre a Rússia e a Alemanha.  À venda a 23 de setembro.

Capitalismo Abutre, de Grace Blakeley (Casa das Letras) - Tudo o que sabe sobre o capitalismo está errado. A jornalista britânica desmantela o mito do «mercado livre» e revela como as crises modernas não são falhas do sistema, mas o resultado pretendido de um capitalismo desenhado para beneficiar corporações e os ultra-ricos. Revelando mais de um século de manobras políticas e económicas, demonstra como as elites usaram a seu favor aquilo que nos apresentavam como concorrência livre, empurrando a economia global para um sistema de monopólio e oligarquia. À venda a 23 de Setembro.

O Cérebro Ideológico de Leor Zmigrod (Dom Quixote) - António Damáso diz que este livro é de "leitura obrigatória". A neurocientista revela como as ideologias moldam não apenas as crenças, mas também a estrutura dos nossos cérebros.  Explica porque é que algumas pessoas se radicalizam? E como é que podemos libertar as nossas mentes de dogmas tóxicos?  À venda a 2 de setembro.

"As Últimas Linhas Destas Mãos", Susana Amaro Velho (Casa das Letras) - Da autora de "Descansos" e "Inquieta" esta é a história de uma mulher que todos julgavam conhecer, mas esconde segredos capazes de tudo mudar. À venda a 30 de Setembro.

Confissões de uma Livreira, de Nanako Hanada (Casa das Letras) - Oferecendo um vislumbre do mundo livreiro no Japão e do lado mais excêntrico de Tóquio, o primeiro romance da livreira Nanako Hanada tornou-se um inesperado bestseller que a levou a ser descrita como sucessora de Murakami e permitiu que abrisse a sua própria livraria. À venda a 2 de Setembro.

Todos os Amantes da Noite, de Mieko Kawakami  (Casa das Letras) - Da autora de "Seios e Óvulos" surge agora uma história sobre solidão e isolamento social e uma crítica feroz ao modo de vida actual da sociedade japonesa. À venda a 16 de Setembro.

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Novidades LeYa - Agosto de 2025

Nada Cresce ao Luar

Torborg Nedreaas

Dom Quixote

Nas livrarias a 26 de Agosto

Um clássico da literatura nórdica, publicado pela primeira vez em 1947, de uma das mais importantes escritoras norueguesas do século XX.

No crepúsculo azul de uma noite de primavera, um homem sente-se atraído por uma bela e solitária desconhecida que vê no átrio de uma estação ferroviária, e a quem oferece ajuda. Ela acompanha-o até casa e, durante uma noite inebriante de vinho e cigarros, conta-lhe a história devastadora da sua vida. Ela precisa desesperadamente de alguém com quem falar. Ele ouve-a, fascinado, e a partir dessa noite será assombrado para sempre pela revelação clara e honesta de uma alma despedaçada – tal como o leitor o será.

Aos dezassete anos, ela torna-se amante do professor de liceu, e a sua vida fica fora de controlo, dando lugar à gravidez, à pobreza e à alienação. Aqui, a escuridão e a luz convergem, e o amor não correspondido floresce no meio das sombras das injustiças sociais, enquanto ela luta pela autonomia: da sua vida, da sua mente e do seu corpo. Consumida por uma paixão obsessiva, regressa continuamente a situações em que é abusada. Por fim, ao confrontar o seu passado sem autocomiseração, sem negar a sua responsabilidade pessoal, apercebe-se do quanto o seu comportamento autodestrutivo se deve a um sistema capitalista e patriarcal que obriga as mulheres a desempenhar papéis que as tornam emocional e economicamente dependentes.

Cativante, visceral e repleto de emoções, Nada Cresce ao Luar é uma obra imprescindível sobre o que significa navegar numa sociedade opressiva feita para homens, mas também uma ode intransigente ao amor, à saudade e ao desejo.

 

"Interpretações do Amor"

Jane Campbell.

Dom Quixote

Nas livrarias a 26 de Agosto

 

Depois dos contos reunidos em Escovar a Gata (2024) este é um romance marcante e cheio de ironia sobre como o amor afecta de forma tão variada pessoas que pertencem à mesma família.

Há mais de cinquenta anos que o professor Malcolm Miller guarda uma carta que a sua irmã Sophy lhe entregou pouco antes do acidente de viação que lhe tirou a vida e que deixou Agnes órfã ainda pequena. Ele prometera que a faria chegar às mãos do jovem médico que Sophy conhecera nos anos 1940, na Liverpool devastada pela guerra, numa noite que mudaria para sempre o rumo da sua vida. Mas Malcolm acabou por não enviar a carta e, decorridos tantos anos de hesitações, resolve finalmente partilhar o segredo de Sophy com a sobrinha, Agnes Stacey, justamente no dia em que esta casa a filha.

Mas será uma celebração íntima do amor o melhor pretexto para expor fracassos e segredos do passado? Para acordar recordações e também o remorso do que não se chegou a viver?

Abordando as muitas formas diferentes que o amor pode assumir e contado de múltiplas perspetivas, Interpretações do Amor é um romance envolvente sobre como pessoas que têm todas as ferramentas para analisar a vida amorosa das outras são tantas vezes incapazes de lidar com a sua.

 

"A Rapariga com Gelo nas Veias", de Karin Smirnoff.

Nas livrarias a 31 de Agosto

 

A inesquecível Lisbeth Salander está de volta, neste oitavo volume da saga Millennium, num thriller surpreendente, vertiginoso e brutal, que instila nova vida à série e às personagens de Stieg Larsson, agora pela mão de Karin Smirnoff.

O extremo norte da Suécia está a arrefecer. Na primavera, a vila de Gasskas continua debaixo de uma implacável camada de neve. À medida que as temperaturas diminuem, aumentam as tensões entre uma multinacional que explora despudoradamente os recursos naturais da região e os habitantes prudentes, que têm contas a ajustar.

Uma bomba destrói uma ponte que é um local de passagem crucial. Pouco tempo depois, é assassinada uma jovem jornalista.

Entretanto, Lisbeth está na sua casa de Estocolmo, a tentar preencher o vazio deixado pela sua última relação amorosa. Mas quando descobre que o seu amigo hacker Praga foi raptado e encontra a sobrinha, Svala, no patamar à sua porta, não tem outro remédio senão voltar a Gasskas – com Mikael Blomkvist a seu lado. Blomkvist assume a direção do jornal de Gasskas e Lisbeth tenta localizar Praga.

É então que Svala desaparece, e os maiores medos de Lisbeth regressam para a assombrar…

Atraídos de novo à vila sem lei onde predadores se disfarçam de salvadores e inimigos se fingem de amigos, Salander e Blomkvist veem-se obrigados a deslindar uma história de violência numa corrida contra o tempo.

 

Edição especial

"Os Filhos da Meia-Noite", de Salman Rushdie

Dom Quixote

Nas livrarias a 26 de Agosto

 

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Novidade Almedina – Maio de 2025

Novidade Almedina – Maio de 2025

Edição a 1 de Maio:

  • “O Manual Escolar – Como conceber, selecionar e utilizar um bom manual para uma aprendizagem ativa” de Nuno Crato (Edições Almedina):

Estruturado para apoiar pais, alunos, professores e editores.

  • “As Minhas Primeiras Moedas” de Mara Harvey (Minotauro):

Literacia financeira para os mais novos

Um livro infantil que prepara para lidar com dinheiro

  • “Estou a Aprender a Poupar” de Mara Harvey (Minotauro):

Dicas de poupança para os mais pequenos

Um livro muito útil para ensinar às crianças como gerir dinheiro

Edição a 8 de Maio:

  • “Espiões – A épica guerra de espionagem entre o Leste e o Ocidente” de Calder Walton (Edições 70):

Livro do ano para a Foreign Policy e a Foreign Affairs

A história fascinante da guerra entre os serviços secretos da Rússia e do Ocidente

«Explosivo» CNN

Edição a 22 de Maio:

  • “Hannah Arrendt – A biografia” de Thomas Meyer (Edições 70):

A biografia intelectual da pensadora mais importante para o nosso tempo

Bestseller na Alemanha e já vendido para 30 países

  • “Visões da Desigualdade” de Branko Milanovic (Actual Editora):

Livro do ano para o Financial Times

Uma história da desigualdade contada através de seis figuras-chave

Do premiado autor de Capitalismo e Liberdade e A Desigualdade no Mundo

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Novidades Guerra e Paz - Abril 2025

Os meus livros de Abril nascem das mãos como lilases da chuva da Primavera

A nossa pequena vida e o nosso pequeno mundo diluem-se como a miragem de uma cidade irreal. Agarremo-nos como náufragos aos cabelos húmidos da ficção. Neste Abril (o mais cruel dos meses, chamou-lhe alguém), escolho como meus livros esse terrível O Jogo Mais Perigoso, que a prosa certeira e implacável de Richard Connell armadilhou entre caçador e presa. É uma caçada, um jogo mortal: mas quem caça e quem é caçado? Junto-lhe o agitado Amok, do prodigioso vidente que foi Stefan Zweig, livro que nos agarra em peso pondo-nos na fímbria do sacrifício e à beira do alto penhasco do suicídio.

São duas perturbantes narrativas a que se junta o angolano José Luís Mendonça, vencedor com mérito do prémio Guerra Junqueiro. Escreveu agora Um Pássaro na Lua, seu segundo romance na Guerra e Paz, história quase sobrenatural de Kahitu, que nasceu com a síndrome de tetra-amélia, sem braços, nem pernas, mas chega a presidente de Angola. Se queremos falar de tolerância, comecemos por este tão mágico romance de Mendonça.

E agora paremos um minuto, para falar com a figura cordial de António Saraiva. Foi sindicalista e acabou patrão dos patrões. Era preciso fazer-lhe a biografia. Pedro T. Neves assina este António Saraiva, Um Certo Perfil, a que o Presidente Ramalho Eanes acrescenta o prefácio. A Jaba Recordati e Nelson Pires foram nossos bravos parceiros neste projecto.

Há vários anos que, com a Sociedade Portuguesa de Autores, editamos a colecção «o fio da memória». Hoje a colecção transfigurou-se. Entrou nela um pequeno livro, Uma Mesa de Pingue-Pongue e um Pequeno Lago, de que é protagonista Gonçalo M. Tavares. Em diálogo com José Jorge Letria, Gonçalo M. Tavares revela-se. Deixa-nos ver que já foi o rapaz que gostava de «treinar futebol à chuva», que gosta de ter frases «viradas do avesso», e que na infância lhe saiu a sorte de ter uma biblioteca «de filme, com dois pisos e uma escadinha». Sim, também se fala de Céline.

A solo, José Jorge Letria oferece aos leitores as Novas Greguerías. É um livro que nos faz rir, desnorteando-nos. Parecem ser só frases loucas, mas há nelas a paixão do paradoxo, do humor e da intempestiva metáfora, como se a realidade tropeçasse na linguagem: «Quando o mar se evaporar os peixes ganharão asas» ou «A girafa diz à pulga: “Conheço a selva muito por alto.”» são apenas dois exemplos da arte retórica deste livro de engenho e arte.

E se a conversa é de lilases e jacintos, venham comigo à China. Shen Fu foi um simples funcionário público no século XIX. Amou a sua mulher. E a beleza batia nos dois como o sol espanca as manhãs de Verão. Escreveu um livro soberbo de graça, com pingos de erotismo e digressões por leves montanhas e por rios distraídos. No Fio Inconstante dos Dias, Memórias de Uma Vida Flutuante é hoje um (belo, muito belo) clássico traduzido em todo o mundo. Faltava Portugal. História de amor, história de sofrimento: uma pérola comovente.

Continuo assim: Jesus, o Jesus histórico, nasceu fora do casamento. Era um bastardo, um «mamzer», por isso um excluído. O historiador e teólogo Daniel Marguerat escreveu Vida e Destino de Jesus de Nazaré. Num ensaio de alta exigência histórica e filosófica, Marguerat investiga, como num romance policial, a vida de Jesus e o essencial da mensagem que dela resulta: a pureza não é o que entra no ser humano, é o que sai dele! É da colecção Os Livros Não Se Rendem, de que a Fundação Manuel António da Mota e a Mota Gestão e Participações são os grandes mecenas.

Da novíssima colecção, A Minha Estante, chega a História de Jerusalém, assinada pelo arqueólogo francês Michaël Jasmin. É uma expedição a quatro mil anos de vida dessa cidade que já escutou mil sermões de fogo. Cidade Santa – ou será maldita? – magnética, centro dos três explosivos monoteísmos, este pequeno livro é a sua fascinante antecâmara.

E acabo com o livro de uma filósofa portuguesa, Mafalda Blanc, vencedora do Prémio Pen Club para o ensaio. Da Ontologia à Poética é o segundo livro que escreve para a Guerra e Paz. Centrado na sua paixão por Heidegger, Blanc alarga os seus temas ontológicos e metafísicos a Hegel e a Hölderlin, interrogando-se sobre o Ser, o Sentido, a Poética.

E termino. Sei que são estes os meus livros de Abril, mas sei lá bem, como perguntava Séneca «que lugar é este, que reino, que território do mundo? Onde estou? Sob o nascente do sol, ou sob o polo da Ursa glaciar?» Não sei, sei que leio.

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