
Extras
Em Outubro de 1929, Crevel [1900-1935] está deitado ao pé das pinturas de [Marie] Laurencin, transportado aos 1263 metros de altitude do sanatório de Leysin. Não o deixam sair, porém, da cama de rodas empurrada até à janela para observar um voo de corvos suíços que têm, diz ele, as patas vermelhas. Nestes dias lembra-se de ter prometido a Marie um texto sobre as irmãs Brontë, para ela ilustrar. Crevel admira estas virgens do Yorkshire, perturbadas por sonhos violentos e embriagadas com vento; aquele irmão, bebedor de whisky e suco de papoila, incapaz de se refrear perante tudo o que mais ama. Crevel via corvos com patas vermelhas mas pensava nas irmãs Brontë. Escrevia «Filhas do Vento», que a eficiência de Marie Laurencin fez aparecer três meses depois nas Éditions des Quatre Chemins, acompanhado por cinco litografias suas, e com o destino evidente das mãos dos bibliófilos da capital, os que fossem capazes de apanhar a tempo um dos seus escassos cento e vinte e cinco exemplares.