
Sinopse
Cobriu sete guerras mas sempre quis ser reconhecida enquanto romancista. Martha Gellhorn (1908-1998) foi uma das mais extraordinárias repórteres de guerra do século XX. Pioneira absoluta, com um lápis e um bloco de folhas assistiu in loco à Guerra Civil de Espanha, ao desembarque aliado na Normandia, à libertação dos prisioneiros do campo de Dachau, à guerra do Vietname. Gostava tanto de jornalismo que só parou de trabalhar aos 80 anos, quando uma cirurgia infeliz lhe roubou a visão. Antes, em 1990, ainda cobrira a invasão do Panamá pelos Estados Unidos.
Sempre recusou aquilo que muitos insistiam em chamar-lhe: mulher de Hemingway. Conheceu o escritor no Natal de 1936, em Key West, na Flórida, numa altura em que ambos se preparam para atravessar o Oceano e cobrir a Guerra civil espanhola. A paixão é mútua e imediata. Partem juntos, semanas depois, para Madrid. É no meio do horror que se envolvem. No intervalo das reportagens, eram amantes, sem exclusividade. Ela era casada. A relação, pública, durou anos e era quase sempre tumultuosa, mas ainda assim casaram em 1940. Hemingway tinha ciúmes do trabalho de Martha, que desembarcou na Normandia antes dele, disfarçada de maqueira. O conflito espanhol dera maturidade à então repórter da Collier’s Weekly que consegue estar no centro da acção e assina, com o que viu na retaguarda, uma das melhores reportagens de guerra de sempre, na opinião do jornalista José Vegar que assina o prefácio da edição portuguesa de A Face da Guerra. Chama-se O Terceiro Inverno, foi publicada em Novembro de 1938, e começa com uma frase imortal: “Em Barcelona estava um tempo ideal para bombardeamentos”.