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Poema e Poesia de Antero de Quental

(A Guilherme de Azevedo) 

Amem a noite os magros crapulosos, 
E os que sonham com virgens impossíveis, 
E os que inclinam, mudos e impassíveis, 
À borda dos abismos silenciosos... 

Tu, lua, com teus raios vaporosos, 
Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis, 
Tanto aos vicios crueis e inextinguiveis, 
Como aos longos cuidados dolorosos! 

Eu amarei a santa madrugada, 
E o meio-dia, em vida refervendo, 
E a tarde rumorosa e repousada. 

Viva e trabalhe em plena luz: depois, 
Seja-me dado ainda ver, morrendo, 
O claro sol, amigo dos heroes! 

Antero de Quental, in "Sonetos"

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