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Poema e Poesia de Manuel Maria Barbosa du Bocage

Razão
Manuel Maria Barbosa du Bocage

Importuna Razão, não me persigas

Importuna Razão, não me persigas; 
Cesse a ríspida voz que em vão murmura; 
Se a lei de Amor, se a força da ternura 
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas; 

Se acusas os mortais, e os não abrigas, 
Se (conhecendo o mal) não dás a cura, 
Deixa-me apreciar minha loucura, 
Importuna Razão, não me persigas. 

É teu fim, teu projecto encher de pejo 
Esta alma, frágil vítima daquela 
Que, injusta e vária, noutros laços vejo. 

Queres que fuja de Marília bela, 
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo 
É carpir, delirar, morrer por ela. 

em "Citações e Pensamentos de Bocage"

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