loading gif
Loading...

Poema e Poesia de José Carlos Ary dos Santos

Vida
José Carlos Ary dos Santos

O Amarelo da Carris

O Amarelo da Carris
Vai da Alfama à Mouraria 
quem diria! 
Vai da Baixa ao Bairro Alto 
trepa à Graça em sobressalto 
sem saber geografia.

O Amarelo da Carris 
Já teve um avô outrora 
que era o «chora» 
teve um pai americano 
foi inglês por muito ano 
só é português agora! 

Entram magalas, costureiras 
descem senhoras petulantes 
entre a verdade 
os beliscos e as peneiras 
fica tudo como dantes 

Quero um de quinze p'rà Pampulha! 
já é mais caro este transporte 
e qualquer dia mudo a agulha 
porque a vida 
está pela hora da morte! 

O Amarelo da Carris 
tem misérias à sucapa 
que ele tapa. 
Tinha bancos de palhinha 
hoje tem cabelos brancos 
e os bancos são de napa 

No Amarelo da Carris 
Já não há "pode seguir" para se ouvir 
Hoje o pó que o faz andar 
é o pó do lava-lar 
com que ele se foi cobrir 

Quando um rapaz empurra um velho 
ou se machuca uma criança 
então a gente vê ao espelho o atropelo 
e a ganância que nos cansa 

E quando a malta fica à espera 
é que percebe como é 
passa à pendura, o pendura que não paga 
e não quer andar a pé

Voltar

Faça o login na sua conta do Portal