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Poema e Poesia de José Carlos Ary dos Santos

Lá vai no mar da palha o cacilheiro,
Comboio de Lisboa sobre a água:
Cacilhas e Seixal, Montijo mais barreiro.
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

Na ponte passam carros e turistas
Iguais a todos que há no mundo inteiro,
Mas, embora mais caras, a ponte não tem vistas
Como as dos peitoris do cacilheiro.

Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no Tejo
Por uma criança.

Num carreirinho aberto pela espuma,
La vai o cacilheiro, Tejo à solta,
E as ruas de Lisboa, sem ter pressa nenhuma,
Tiraram um bilhete de ida e volta.

Alfama, Madragoa, Bairro alto,
Tu cá-tu lá num barco de brincar.
Metade de Lisboa à espera do asfalto,
E já meia saudade a navegar.

Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no Tejo
Por uma criança.

Se um dia o cacilheiro for embora,
Fica mais triste o coração da água,
E o povo de Lisboa dirá, como quem chora,
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

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