Poema e Poesia de José Mário Branco
Um mundo à justa medida
Nunca houve
Nem sei se haverá
Contam-se histórias da vida
Tão estranhas
Tão cruéis que sei lá
Como a de certa donzela
Que era extensamente bela
Tão grande e tão amada
Por quem - nada
Era ao pé dela
Tão grande e tão amada
E cortejada
Por quem - nada
Era ao pé dela
A menina desta história
Era grande
Muito grande até
Grandeza contraditória
Mas que pouco
Esse louco era ao pé
Pensando não ser bastante
Sentir um amor gigante
Assim cantava o dito
Pequenito
Seu amante
Mais que um canto era um grito
O do dito
Pequenito
Seu amante
As histórias de gigantes
Era dantes
Que acabavam bem
Hoje escolhe-se o amante
Consoante
Se o tamanho convém
Não vejo poder amar-te
Na desejada proporção
Embora não sei por que arte
Caibas de pé no meu coração
Menina gigante
Que 'stás tão distante
Aqui mesmo diante
De mim
Percorro pressurosamente
A longa rota do teu corpo
Sem conseguir, por mais que tente
Chegar ao fim-de-ti antes de morto
Menina colosso
Que eu quero e não posso
Porque é que assim troço
De mim