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Poema e Poesia de Carlos Drummond de Andrade

Amor
Carlos Drummond de Andrade

Para o Sexo a Expirar

Para o sexo a expirar eu me volto, expirante, 
raiz de minha vida, em ti me enredo e afundo. 
Amor, amor, amor — o braseiro radiante 
que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo. 

Pobre carne senil, vibrando insatisfeita, 
a minha se rebela ante a morte anunciada. 
Quero sempre invadir essa vereda estreita 
onde o gozo maior me propicia a amada. 

Amanhã, nunca mais. Hoje mesmo quem sabe? 
enregela-se o nervo, esvai-se-me o prazer 
antes que, deliciosa, a exploração acabe. 

Pois que o espasmo coroe o instante do meu termo, 
e assim possa eu partir, em plenitude o ser, 
de sémen aljofrando o irreparável ermo. 

em 'O Amor Natural'

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