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Poema e Poesia de Luís Vaz de Camões

Amor
Luís Vaz de Camões

Ordena Amor que Morra, e Pene Juntamente

Como fizeste, ó Porcia, tal ferida? 
Foi voluntária, ou foi por inocência? 
É que Amor fazer só quis experiência 
Se podia eu sofrer, tirar-me a vida? 

E com teu próprio sangue te convida 
A que faças à morte resistência? 
É que costume faço da paciência, 
Porque o temor morrer me não impida. 

Pois porque estás comendo com fogo ardente, 
Se a ferro te costumas? É que ordena 
Amor que morra, e pene juntamente. 

E tens a dor do ferro por pequena? 
Si, que a dor costumada não se sente, 
E não quero eu a morte sem a pena. 

em "Sonetos"

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