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Poema e Poesia de Luís Vaz de Camões

Amor
Luís Vaz de Camões

Lágrimas de Honesta Piedade e Imortal Contentamento

Amor, que o gesto humano na alma escreve, 
Vivas faíscas me mostrou um dia, 
Donde um puro cristal se derretia 
Por entre vivas rosas a alva neve. 

A vista, que em si mesma não se atreve, 
Por se certificar do que ali via, 
Foi convertida em fonte, que fazia 
A dor ao sofrimento doce e leve. 

Jura Amor, que brandura de vontade 
Causa o primeiro efeito; o pensamento 
Endoidece, se cuida que é verdade. 

Olhai como Amor gera, em um momento, 
De lágrimas de honesta piedade 
Lágrimas de imortal contentamento. 

em "Sonetos"

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