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Poema e Poesia de Rui Manuel Correia Knopfli

Vida
Rui Manuel Correia Knopfli

O Sono de Percival

O justo é injusto, o injusto justo é. 
Débil julguei ouvir tua voz a desoras. 
Um lamento lento, por certo a voz 
do vento. Secarei, talvez como o feno, 
não dormindo, nem noites, nem dias. 

Soluço abafado, sussurro apenas 
perceptível após a brancura 
obliterante do relâmpago, 
quando cessa o fragor que o excede 
e a chuva cai e tudo se cala, 

terei ouvido tua voz. Secarei, 
talvez, como o feno. O justo 
é injusto, o injusto justo é. 
Procurei no horto e no deserto, 
sob o cavo ruído das torrentes 

subterrâneas, na imemorial 
pedra circular com que o humano 
terror balizou os horizontes 
do tempo. No espectro da rosa 
dos ventos, no vento espectral 

da rosa. Seria a voz do vento, 
pintura da minha imaginação 
doente, a vigília do sono, 
a febre dos sentidos, 
não dormindo noites e dias 

para ouvir tua voz. O justo 
é injusto, o injusto justo é 
para ouvir tua voz. 
Secarei como o feno. 
Para ouvir tua voz. 

Rui Knopfli, in "O Corpo de Atena"

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