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Poema e Poesia de Vítor Matos e Sá

Amor
Vítor Matos e Sá

Veio Tudo de Longe

Veio tudo de longe para ser 
uma só coisa, nupcial e magnífica. 
Caminho e tenda. O mar. Livros. A indizível 
matéria da dor. Ternura 
cercada e repartida, pouco 
a pouco, à mesa rápida 
dos lábios, clandestina voz baixa 
das mãos juntas. Sobreviventes 
de invernos, dúvidas, denúncias. 
E o teu sorriso honrado. A oferta 
duplicada e vulcânica 
dos seios. Esta noite que nos pôs 
à prova. Sobre o vento e o repouso 
do vento. E a música ainda cheia 
de muitos outros quartos. Sim, a importância 
do teu rosto: alvo claro deste mês 
desmedido que nós somos. 

Veio tudo de longe para ser 
uma só coisa, sagrada e partilhável. 

O banho comum gradual e abundante 
dos sentidos. As faces que só tenho 
entre o convívio doce dos teus dedos 
sempre em férias. E a chave 
do desejo. Erecta dureza doadora 
do óleo e da viagem 
aos lugares da origem 
e do êxtase. Resposta 
da terra contra a terra. 

E a surpresa ensina e desvenda 
as partes mais antigas da alegria 
dupla, densa, nadadora, nossa. 

Vítor Matos e Sá, in 'Companhia Violenta'

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