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Poema e Poesia de Fernando Namora

E os meus olhos rasgarão a noite; 

E a chuva que vier ferir-me nas vidraças 
Compreenderá, então, a sua inutilidade; 

E todos os sinos que alimentavam insónias 
hão-de repetir as horas mortas 
só para os ouvidos da torre; 

E os outros ruídos abafar-se-ão no manto negro da noite; 

E a mão alva que me apontava os nortes 
e ficou debruçada no postigo 
amortalhada pela neve 
reviverá de novo; 

E os meus braços se erguerão transfigurados 
para o abraço virgem dos teus braços 
que andava perdido, sem dar fé deste seu reino; 

E todas as luzes que tresnoitaram os homens 
apagar-se-ão; 

E o silêncio virá cheio de promessas 
que não se cansaram na viagem; 

E todos os povos de Babel 
com as riquezas que há no mundo 
virão festejar a paz em minha honra; 

E os caminhos se abrirão 
para os homens que seguirem de mãos dadas: 

O sangue derramado de Cristo 
terá finalmente significação, 
e da inútil cruz do martírio 
se erguerá o pendão da vitória; 

E assim terão começo 
os sonhados dias dos meus dias! 

Em 'Mar de Sargaços'

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