Julio Ramón Ribeyro
Biografia
Nasceu em Lima, Peru, em 1929, cidade que figura em grande parte de sua obra. Filho de família aristocrática e hostil a seu trabalho de escritor, Ribeyro cresceu em meio aos resquícios da influência política e económica dos seus antecedentes e vivenciou a transição à classe média, em meados do século XX.
Considerado um dos grandes escritores contemporâneos latino-americanos, o seu primeiro livro, Los gallinazos sin plumas, foi publicado em 1954, momento em que também se viam surgir os talentos de Luis Loayza, Enrique Congrains e Carlos Vicuña, todos responsáveis por uma importante mudança de rumo da literatura do continente. Neste trabalho inaugural, os contrastes sociais e culturais, produzidos pelo crescimento desordenado da capital peruana a partir dos anos 1950, saltam ao primeiro plano de sua literatura. Nota-se, desde então, a recorrência de personagens excluídos socialmente, fator que o acompanha até aos seus últimos Relatos santacrucinos (1989). Após concluir os seus estudos em letras e direito, partiu para a Europa tendo morado em Madrid, Amsterdão, Antuérpia, Londres e Munique, para fixar-se em Paris, no início dos anos 1960. Ali trabalhou como jornalista na agência de notícias France-Presse e assumiu, em 1972, o posto de adido cultural peruano junto da Unesco.
Em quarenta anos de atividade escreveu três romances, além de incursões por ensaios e peças de teatro. A profusão da sua obra, no entanto, deu-se no conto, género em que é considerado um verdadeiro mestre. É também lembrado por abrir mão de experimentos linguísticos para se dedicar a uma narrativa clássica e fluente, com influências do neorrealismo italiano.
Deixou textos mais pessoais, parte de um de seus últimos projetos literários - um volume de cartas ao irmão e um extenso diário íntimo, La tentación del fracaso. Vítima de uma das suas grandes paixões - o fumo - morreu em 1994, dias depois de receber o Prémio Juan Rulfo pelo conjunto da obra.