Billie Holiday
Biografia
Cantora norte-americana de jazz , Eleanora Fagan Gough nasceu a 7 de abril de 1915, em Filadélfia, no estado da Pensilvânia e adotou o nome Billie Holiday, inspirada numa estrela de cinema que ela admirava chamada Billie Dove.
Aos 10 anos, Billie foi enviada para um reformatório católico devido à negligência da mãe. O pai, músico de jazz , tinha-a abandonado quando era bebé. A infância da cantora foi bastante complicada e, mais tarde, esteve num reformatório católico, após admitir ter sido violada. Com 12 anos, saiu do reformatório e mudou-se para Nova Iorque com a mãe. Com cerca de 15 anos, começou a cantar em clubes noturnos.
O talento de Billie Holiday foi descoberto em 1933, durante uma atuação no bar Monette's, no Harlem, em Nova Iorque, por um responsável da editora Columbia.
A obra de Billie Holliday foi influenciada pelas suas referências, Bessie Smith e Louis Armstrong. A cantora afirmou mesmo que era o seu desejo encarnar a forma de sentir a música de Armstrong e atingir a plenitude do som de Bessie.
Em novembro desse mesmo ano, a cantora fez pela primeira vez gravações em estúdio com Benny Goodman, que resultaram no disco Your Mother's Son-In-Law .
Nos anos seguintes, continuou a trabalhar com nomes consagrados, como o pianista Teddy Wilson, em 1935, e o saxofonista Lester Young, em 1937. Nesta época, de entre as inúmeras atuações ao vivo, destacam-se os espetáculos em que atuava muitas vezes com Lester, que lhe pôs o nome de Lady Day, devido à sua elegância.
Em 1938, Billie foi contratada para tocar na banda de Artie Shaw, o que a transformou numa das primeiras cantoras negras a atuar com uma banda branca. Mas essa situação não foi muito bem aceite pelos promotores de espetáculos e responsáveis pelas estações de rádio e ela acabou por sair da banda. Aproveitou então para atuar no Café Society, um dos primeiros espaços a ter audiência multirracial.
Em 1939, Billie Holiday gravou "Strange Fruit", uma música que falava dos linchamentos infligidos aos negros no Sul dos Estados Unidos. "Strange Fruit" foi, no entanto, proibida em muitas rádios. Seguiu-se, em 1941, "God Bless the Child", uma canção autobiográfica, composta pela própria Billie Holliday. Estas músicas viriam a ser dois dos seus temas mais famosos e importantes.
A cantora continuou a cantar, em estúdio e ao vivo, com os mais consagrados artistas da época e, em maio de 1945, lançou, já na editora Decca, o single "Lover Man (Oh, Where Can You Be)", a sua única música que fez carreira nos tops de vendas. No entanto, por esta altura, Billie Holiday começou a entrar a sério no mundo da droga, tendo ficado viciada em heroína, para além de também sofrer problemas de alcoolismo. Anos antes já tinha experimentado marijuana e ópio.
1947 foi um ano marcante na vida de Billie Holiday. Por um lado, protagonizou um concerto memorável em Nova Iorque e entrou num filme com o trompetista Louis Armstrong, mas, por outro, perdeu a mãe e foi condenada a oito meses de prisão por posse de heroína. Passou por um mau período, mas recuperou e nos anos seguintes trabalhou com nomes como Ben Webster e Oscar Peterson.
Em 1954, fez uma digressão com muito sucesso na Europa e três anos depois teve, pela última vez, uma atuação brilhante, durante um programa de televisão, onde cantou acompanhada por Ben Webster, Lester Young e Coleman Hawkins. Em 1958, lançou o aclamado álbum Lady in Satin, onde a sua voz grave se destacava, bem acompanhada pela orquestra de cordas de Ray Ellis.
Billie Holiday adoeceu gravemente em maio de 1959, depois da sua última atuação em Nova Iorque, com problemas no fígado e no coração. Contudo, nem por isso abandonou a heroína, o que lhe valeu mais uma detenção por posse de droga. A cantora morreu a 17 de julho desse ano, com 44 anos. Billie Holliday deixou uma obra que constitui uma referência no mundo do jazz , marcada pela sensualidade da sua voz quente. A cantora é ainda hoje uma referência incontornável da música. A voz inconfundível da cantora, transposta nas canções que imortalizou, tem sido alvo de diversas reedições, inúmeras compilações e edições especiais. Das dezenas de reuniões de êxitos da cantora, ganha relevo a edição de 2001, da Columbia, com o título Lady Day, The Best Of Billie Holliday.