Sinopse
Os cento e quatro poemas que compõem Guardar o Fogo constituem um conjunto coeso, organizado em torno do eixo da criação literária. Se, em obras anteriores de Joaquim Pessoa, esta temática nunca deixou de estar presente, aqui, o processo da criatividade poética é o cerne, a espinha dorsal, o corpo do corpus.
Complexa na sua aparente simplicidade, jogando com a vertente ora lírica ora prosaica da linguagem, a poesia de Guardar o Fogo, com profundas raízes na “Mãe-terra”, é impetuosa, apaixonada, intimista, luminosa, impregnada de sensualidade. Mas, em concomitância, é uma poesia de pendor existencialista, subtil e afavelmente irónica, terna e doce, com laivos de sombra, inquietação e anticonformismo, um vislumbre e anelo do “azul”, como o azur de Baudelaire ou o um pouco mais de azul de Mário de Sá-Carneiro. A obra deixa transparecer um poeta amadurecido, mais sereno, cujo crescimento no ofício continua a surpreender e a encantar.