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Sinopse

O leitor tem diante de si um pequeno livro de poemas de extensão e medidas curtas intitulado “SOPRO”. Identifica facilmente a sua estrutura: o sujeito da enunciação, o “eu”, o seu interlocutor, o “tu”, e a natureza onde foi buscar a principal imagética.
Com a superioridade que lhe é inerente no acto da enunciação, o “eu” não se limita a nomear. Como um profeta, interpela o “tu”, as suas hesitações, as suas ambiguidades:

“Que sabes de ti / amotinado”,(…)
“Ignorante dos lugares / ousas rasgar caminhos”, “Não será
melhor / tentares quebrar os muros?”.
Sendo ficção, a homologia permite-lhe, numa ilusão
bem medida, criar laços de um relacionamento amoroso
que o leitor, também criador, tem de procurar descobrir
abrindo o armário das metáforas: “Assim como o arqueiro
recua / antes de disparar as flechas, / em silêncio refazes / o
teu íntimo movimento / e continuas o trabalho…”, “Despes
os vestidos / na casa / que por ti mesmo / se mantém sempre
aberta”.

Não deixa de usar o bisturi crítico na denúncia de
injustiças: “O astro-rei é só para alguns”. “Na obra que a
carne veste / está a morte / a última. / Em Chernobil. // “E
no azul / uma enorme indiferença.”

De realçar, a tentativa bem conseguida de nos mostrar a face poética de três grandes poetas: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Eugénio de Andrade. A intertextualidade, que sempre existe porque um texto é sempre um intertexto, é de louvar.
A referência à Bíblia e a Frei João dos Santos evidencia ainda a vertente da espiritualidade que percorre diversos poemas.
A natureza é esse oceano imenso, inesgotável, onde a autora, como um garimpeiro, encontra o ouro das suas imagens, natureza que conhece bem, demonstrando a sua formação académica. A presença de lexemas do campo lexical de árvores (hipernónimo e hipónimos) é avassaladora, seguindo-se-lhe, em doses amplas, o das aves. Em suma, o leitor é convidado a ler devagar, a reler, no sentido de descobrir sentidos que sempre se embrenham na linguagem poética. Como disse Ruy Belo “É esse, hoje e sempre, o encanto da poesia.”


João Guerra
(poeta e professor)

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