Miguel Real vence Prémio Fernando Namora com o romance A Voz da Terra

Atribuído por unanimidade por um júri presidido por Agustina Bessa-Luís, o Prémio Fernando Namora constituirá um estímulo precioso para um autor com uma vasta obra já publicada no campo da ficção e do ensaio e que tem vindo a conquistar um público cada vez maior enquanto romancista. Este reconhecimento tem, aliás, recolhido o consenso da crítica e dos seus pares, tendo A Voz da Terra sido, já este ano, finalista do Grande Prémio de Romance e Novela da APE.

Miguel Real prepara-se, aliás, para lançar um novo romance, a sair já em Novembro, que representa a continuação de um “ciclo luso-brasileiro” na obra ficcional do autor e promete vir a ser um novo sucesso – trata-se da história romanceada de Francisco Félix de Sousa, O Último Negreiro, personagem fascinante retratada, por exemplo, por Bruce Chatwin em O Vice-Rei de Ajudá. Francisco Félix de Sousa foi o último dos traficantes de escravos, um portugês que começou por alugar três escravos na Bahia para tarefas definidas, deitou fogo à propriedade de um banqueiro e fugiu num barco para África, onde teve cem filhos, fundou uma dinastia e foi negreiro até à morte, mesmo depois de abolida a escravatura.

Em simultâneo com este romance — e seguindo uma tradição do autor iniciada o ano passado com a edição simultânea de A Voz da Terra e do ensaio O Marquês de Pombal e a Cultura Portuguesa — será lançado o ensaio O Último Eça, sobre os últimos anos da vida de Eça de Queirós e os seus reflexos na obra do escritor.

Já para 2008, anuncia-se o lançamento de um romance de Miguel Real que o autor prevê seja a pedra de fecho deste ciclo romanesco que une Portugal e o Brasil: O Sal da Terra, livro sobre o Padre António Vieira, no ano em que se comemorarão os 500 anos do nascimento do jesuíta luso-brasileiro.