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Novidades Leya - Outubro de 2025
O Surpreendente Silêncio dos Homens Rita Ferro Nas livrarias a 14 de Outubro O livro que assinala, sete anos depois, o regresso de Rita Ferro à ficção. «Cuidado, está ali um homem...» – a cautela começa na infância, preparando as meninas para a imprevisibilidade dos homens e, ao mesmo tempo, para o amor e a vida a dois. Mas como se pode crescer amando-os, desejando-os e temendo-os? Como se distingue, a tempo, quem nos beija de quem nos faz mal? Um medo hereditário, passado de avós para filhas e para netas que, parecendo exuberante, se fundamenta: entre a população mundial, 95% dos homicídios, do espancamento de mulheres e dos assaltos sexuais são executados por homens. Maria da Graça, filha única de inexplicável beleza, cresce alarmada com esta ameaça, mas vence o medo para abrir todas as portas. Em casa, é envolvida pelos seus numa teia opressiva de segredos que vai descerrando aos poucos e dá razão a quem a preparou para o pior. O Surpreendente Silêncio dos Homens é um grito de alerta ante a escalada mundial da brutalidade contra as mulheres e um romance emocionante sobre o papel redentor, sempre desdenhado, que elas desempenham no equilíbrio da humanidade, escrito por quem há muito reflecte sobre os labirintos da natureza feminina, para lá da poesia e dos lugares-comuns do amor e da paixão. A Cinco Palmos dos Olhos Carlos Campaniço Casa das Letras Literatura Lusófona Nas livrarias a 14 de Outubro A história de uma aldeia a emergir da Revolução, através do inconfundível estilo do autor, que nos oferece uma obra profundamente original. Pouco depois do 25 de Abril, os trabalhadores rurais do Sul ocupam a terra dos latifundiários para quem trabalharam como escravos ao longo de décadas. Em Aldeia Velha – o lugar onde decorre a acção deste romance – a sociedade depara-se de repente com as mudanças criadas pela Reforma Agrária, mas também com as consequências do fim da Guerra Colonial e as novas liberdades trazidas pela Revolução. Veremos, por isso, como reagem os que perderam as propriedades (e se insurgem ou resignam com a situação) e os que continuam a trabalhar de sol a sol, embora agora para seu próprio sustento. E também os que, depois de terem lutado anos pela democracia, são agora membros do Partido e ocupam funções de relevo, ou os que acreditaram no mundo perfeito e vêem os seus sonhos esfarelar-se todos os dias. Mas há também coisas que nunca mudam, por mais que os tempos tenham mudado: a bisbilhotice, a mentira, a má-língua, a maldade, o sofrimento. Num romance em que a verdadeira personagem é a própria aldeia – na qual o bulício das vidas individuais funciona como uma espécie de música de fundo – é curiosamente o carteiro – aquele que passa em todas as ruas e portas – o elo de ligação entre o padre, o merceeiro, o médico, a amante, o corno, o ricaço, o presidente da Junta e muitos outros, trazendo-nos a forma como cada um assimila os novos tempos e perspectiva o futuro. Porém, o muito que este homem cala é talvez aquilo que mais importa. O Dom das Línguas Dom Quixote Nas livrarias a 14 de Outubro Um novo livro de Coetzee, Prémio Nobel da Literatura, é sempre um acontecimento que, neste caso, ganha ainda maior proporção porque coincide com a vinda do grande escritor sul-africano a Portugal para participar, em Óbidos, no Folio. Neste diálogo entre um laureado com o prémio Nobel e uma importante tradutora, surgem ideias estimulantes acerca da evolução da língua e o desafio da tradução. Historicamente falando, a língua foi sempre traiçoeira. Dois dicionários facultam diferentes mapas do universo: qual deles é verdadeiro, ou são ambos falsos? O Dom das Línguas – assumindo a forma de um diálogo entre o romancista J. M. Coetzee e a eminente tradutora Mariana Dimópulos – explora questões que têm constantemente perseguido escritores e tradutores, hoje mais do que nunca. Entre elas: • Como pode o tradutor libertar significados aprisionados na língua de um texto? • Por que razão a forma masculina é dominante em línguas com género, enquanto o feminino é tratado como um desvio? • Como devemos contrariar a proliferação do monolinguismo? • Deve o tradutor censurar linguagem racista ou misógina? • A matemática diz a verdade acerca de tudo? Na tradição do inspirador ensaio de Walter Benjamin intitulado «A Tarefa do Tradutor», O Dom das Línguas surge como um trabalho de filosofia aliciante e acessível, lançando luz sobre algumas das mais importantes questões linguísticas e filológicas do nosso tempo. Um Punhado de Flechas María Gainza Dom Quixote Nas livrarias a 21 de Outubro Na senda do poderoso e aplaudido O Nervo Ótico, que fez leitores em todo o mundo e impressionou vivamente os escritores Cees Nooteboom e Vila-Matas, este é um livro de uma inteligência rara em que se entrecruzam a arte, a literatura e a vida. O realizador Francis Ford Coppola viveu algum tempo em Buenos Aires, enquanto rodava o filme Tetro. E recrutou para o tempo da estadia um tradutor que – ele há coisas – era o marido da autora deste livro. Raramente falava com ela, mas, certa noite, durante um jantar em que ficaram os dois sozinhos à mesa, disse-lhe: «O artista vem ao mundo trazendo uma aljava com um número limitado de flechas douradas. Pode atirar todas as flechas ainda em jovem, já adulto ou mesmo na velhice. Também as pode ir atirando pouco a pouco, espaçadas ao longo dos anos. Isso seria ótimo, mas já sabes que o ótimo é inimigo do bom.» Além de Coppola, Um Punhado de Flechas apresenta vários outros artistas e obras de arte através de episódios da vida da escritora. Entre outros, uma aguarela de Cézanne roubada de um museu de Buenos Aires; a casa de um colecionador; um passeio ao redor do Lago Walden, de Thoreau; as pinturas enigmáticas de Bodhi Wind de piscinas californianas, que apareceram no não menos enigmático filme Três Mulheres, de Robert Altman; algumas fotografias resgatadas de uma mala; as aventuras do pintor Francis Hopkinson e do seu assistente Moon, no México, e uma pintura amaldiçoada de Ticiano escondida em Tzintzuntzan… Num estilo que rompe as fronteiras entre os géneros literários como acontecia com O Nervo Ótico, numa mescla de narrativa, ensaio e livro de arte, María Gainza continua a explorar novas formas de compreender a escrita e a vida e consolida a sua posição como uma das vozes mais estimulantes do cenário literário contemporâneo. A Biblioteca do Censor de Livros Bothayna Al-Essa Nas livrarias a 21 de Outubro Uma sátira ousada e fantástica sobre livros proibidos, arquivos secretos e o olho vigilante de um governo omnipresente e todo-poderoso. Primeiro livro da autora kuwaitiana em Portugal. Há semanas que o novo censor de livros não tem uma noite de sono tranquilo. Durante o dia ocupa-se a passar a pente fino manuscritos de livros num gabinete governamental, à procura de qualquer pormenor capaz de tornar o livro impróprio para publicação – alusões a homossexualidade, a religiões não aprovadas, qualquer menção sobre a vida antes da Revolução. À noite, os seus sonhos povoam-se de personagens dos clássicos da literatura, e os romances que vai surripiando empilham-se na casa que partilha com a mulher e a filha. Ao mesmo tempo que continua a ser atraído pelo canto da sereia das leituras proibidas, mergulha num mundo subterrâneo onde se cruzam combatentes da Resistência, uma livreira clandestina e bibliotecários fora-da-lei que tentam salvar a sua história e cultura. Face à ameaça que a liberdade de expressão enfrenta globalmente e ao futuro sombrio a que o mundo está praticamente condenado, Bothayna Al-Essa combina a acerada distopia de 1984 e de Fahrenheit 451 com o absurdo descabelado de Alice no País das Maravilhas. A Biblioteca do Censor de Livros é, ao mesmo tempo, um sinal de alerta e uma declaração de amor pelas histórias e o delicioso ato de nos deixarmos perder nelas. Uma Vida de Jesus Shusako Endo Dom Quixote Nas livrarias a 29 de Outubro O romance que procura dar a conhecer, com interpretações do autor, uma perspectiva da vida de Jesus, ao longo de treze capítulos, baseada nos evangelhos. Recriação da história de Jesus Cristo, Uma Vida de Jesus não é uma biografia, já que uma biografia, no sentido moderno do termo, seria impossível de escrever. Mas também não é um relato ficcionado: embora se sinta livre para especular sobre as motivações de Jesus e dos seus discípulos, Shusaku Endo não afirma nada além daquilo que os Evangelhos contêm. É precisamente aí, nesse exíguo espaço que a ficção rouba à «verdade» dos Textos Sagrados, que reside a força e o fascínio deste livro. Endo – um dos mais destacados romancistas japoneses – escreveu-o para os seus compatriotas não católicos, num esforço para explicar quem foi Jesus e dar a conhecer os ideais pelos quais se bateu. O resultado é uma obra que escapa aos limites das culturas e das línguas, uma história intemporal, tão estimulante para os leitores de hoje como o terá sido para aqueles que a ouviram nos tempos do Novo Testamento. Shusako Endo (1923-1996), considerado um dos mais destacados escritores do século XX, escreveu a partir da perspetiva fora do comum de ser japonês e católico. Nascido em Tóquio, foi batizado aos 12 anos, numa altura em que os cristãos representavam menos de um por cento da população japonesa. Formou-se em Literatura Francesa, pela Universidade de Keio, e estudou durante algum tempo em Lyon como bolseiro do governo japonês. O seu estilo tem sido sucessivamente comparado ao de Graham Greene, que aliás Aquilo em Que Preferia não Pensar Jente Posthuma Dom Quixote Nas livrarias a 14 de Outubro Finalista do Booker Prize Internacional e traduzido em mais de uma dezena de línguas, é uma exploração comovente do luto, contada através de episódios breves e cirúrgicos, impregnados de uma suave melancolia e, o que é surpreendente, de um humor inesperado e corrosivo. Ela coleciona camisolas. Ele tem dois gatos. Ambos adoram Nova Iorque e, aconteça o que acontecer, hão de mudar-se para lá quando fizerem 28 anos. Porém, de repente, ele diz que quer passar algum tempo sozinho. E se uma das metades de um par de gémeos não quiser continuar a viver? E se a outra não conseguir viver sem essa metade? É esta a questão central do presente romance, em que a narradora é a gémea de um rapaz que se suicidou e relembra muitas histórias de infância e também as suas vidas adultas com mágoa, saudade, raiva e insegurança em relação ao futuro. De uma maneira aparentemente desprendida mas muito perspicaz, Aquilo em Que Preferia não Pensar conta a história do que acontece quando a pessoa com que se constroem as bases de toda uma vida desaparece subitamente, e as memórias que restam são as de um pai que já era ausente antes de ter morrido e de uma mãe geóloga, fria como uma pedra. Jente Posthuma publicou o seu romance de estreia em 2016, muito bem recebido pela imprensa e nomeado para o Prémio Literário Dioraphte e os prémios para Primeiro Romance Hebban e ANV. O presente romance, que foi finalista do Prémio da União Europeia para a Literatura, esteve na shortlist do Booker Prize Internacional em 2024.