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Poema e Poesia de Antero de Quental

(A Salomão Sáragga) 

Onde te escondes? Eis que em vão clamamos, 
Suspirando e erguendo as mãos em vão! 
Já a voz enrouquece e o coração 
Está cansado — e já desesperamos... 

Por céu, por mar e terras procuramos 
O Espírito que enche a solidão, 
E só a própria voz na imensidão 
Fatigada nos volve... e não te achamos! 

Céus e terra, clamai, aonde? aonde? — 
Mas o Espírito antigo só responde, 
Em tom de grande tédio e de pesar: 

— Não vos queixeis, ó filhos da ansiedade, 
Que eu mesmo, desde toda a eternidade, 
Também me busco a mim... sem me encontrar! 

Antero de Quental, in "Sonetos"

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