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Poema e Poesia de Antero de Quental

Alma
Antero de Quental

O Inconsciente

O Espectro familiar que anda comigo, 
Sem que pudesse ainda ver-lhe o rosto, 
Que umas vezes encaro com desgosto 
E outras muitas ansioso espreito e sigo. 

É um espectro mudo, grave, antigo, 
Que parece a conversas mal disposto... 
Ante esse vulto, ascético e composto 
Mil vezes abro a boca... e nada digo. 

Só uma vez ousei interrogá-lo: 
Quem és (lhe perguntei com grande abalo) 
Fantasma a quem odeio e a quem amo? 

Teus irmãos (respondeu) os vãos humanos, 
Chamam-me Deus, ha mais de dez mil anos... 
Mas eu por mim não sei como me chamo... 

Antero de Quental, in "Sonetos"

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