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Poema e Poesia de Antero de Quental

Mulher
Antero de Quental

A uma Mulher

Para tristezas, para dor nasceste. 
Podia a sorte pôr-te o berço estreito 
N'algum palácio e ao pé de régio leito, 
Em vez d'este areal onde cresceste: 

Podia abrir-te as flores — com que veste 
As ricas e as felizes — n'esse peito: 
Fazer-te... o que a Fortuna há sempre feito... 
Terias sempre a sorte que tiveste! 

Tinhas de ser assim... Teus olhos fitos, 
Que não são d'este mundo e onde eu leio 
Uns mistérios tão tristes e infinitos, 

Tua voz rara e esse ar vago e esquecido, 
Tudo me diz a mim, e assim o creio, 
Que para isto só tinhas nascido! 

Antero de Quental, in "Sonetos"

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