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Poema e Poesia de Antero de Quental

Amar! mas d'um amor que tenha vida... 
Não sejam sempre tímidos harpejos, 
Não sejam só delirios e desejos 
D'uma douda cabeça escandecida... 

Amor que vive e brilhe! luz fundida 
Que penetre o meu ser — e não só beijos 
Dados no ar — delírios e desejos — 
Mas amor... dos amores que têm vida... 

Sim, vivo e quente! e já a luz do dia 
Não virá dissipá-lo nos meus braços 
Como névoa da vaga fantasia... 

Nem murchará do sol à chama erguida... 
Pois que podem os astros dos espaços 
Contra débeis amores... se têm vida? 

Antero de Quental, in 'Sonetos'

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