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Poema e Poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen

Corpo
Sophia de Mello Breyner Andresen

Níobe transformada em fonte

Os cabelos embora o vento passe 
Já não se agitam leves. O seu sangue, 
Gelando, já não tinge a sua face. 
Os olhos param sob a fonte aflita. 
Já nada nela vive nem se agita, 
Os seus pés já não podem formar passos, 
Lentamente as entranhas endurecem 
E até os gestos gelam nos seus braços. 
Mas os  olhos de pedra não esquecem. 
Subindo do seu corpo arrefecido, 
Lágrimas lentas rolam pela face, 
Lentas rolam, embora o tempo passe.

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