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Poema e Poesia de José Tolentino Mendonça

Amor
José Tolentino Mendonça

Sobre um improviso de John Coltrane

Ainda espero o amor

como no ringue o lutador caído

espera a sala vazia

primeiro vive-se e não se pensa em nada

não me digam a mim

com o tempo apenas se consegue

chegar aos degraus da frente:

é didícil

é cada vez mais difícil entrar em casa

não discuto o que fizeram de nós estes anos

a verdade é de outra importância

mas hoje anuncio que me despeço

à procura de um país de árvores

e ainda se me deixo ficar

um pouco além do razoável

não ouvem? O amor é um cordeiro

que grita abraçado à minha canção

 

 

 

 

 

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