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Poema e Poesia de José Mário Branco

História
José Mário Branco

Casa Comigo Marta

Chamava-se ela Marta

Ele, doutor Dom Gaspar

Ela pobre e gaiata

E ele rico e tutelar

 

Gaspar tinha por Marta uma paixão sem par

Mas Marta andava farta, mais que farta de o aturar

 

Casa comigo, Marta

Que eu estou morto por casar

Casar contigo não, maganão

Não te metas comigo, deixa-me da mão

 

Casa comigo, Marta

Tenho roupa a passajar

Tenho talheres de prata

Mas estão todos por lavar

 

Tenho um faisão no forno e não sei cozinhar

Camisas, camisolas, lenços, fatos por passar

 

Casa comigo, Marta

Tenho roupa a passajar

Casar contigo não, maganão

Não te metas comigo, deixa-me da mão

 

Casa comigo, Marta

Tenho ações e rendimentos

Tenho uma cama larga

Num dos meus apartamentos

 

Tenho ouro na Suíça e padrinhos aos centos

Empresto e hipoteco e transaciono investimentos

 

Casa comigo, Marta

Tenho ações e rendimentos

Casar contigo não, maganão

Não te metas comigo, deixa-me da mão

 

Casa comigo, Marta

Tenho rédeas pra mandar

Tenho gente que trata

De me fazer respeitar

 

Tenho meios de sobra pra te nomear

Rainha dos pacóvios de aquém e de além-mar

 

Casas comigo, Marta

Que eu obrigo-te a casar

Casar contigo não, maganão

Só me levas contigo dentro de um caixão

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