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Poema e Poesia de Manuel Lopes da Fonseca

Foi para a escola e aprendeu a ler 
e as quatro operações, de cor e salteado. 
Era um menino triste: 
nunca brincou no largo. 
Depois, foi para a loja e pôs a uso 
aquilo que aprendeu 
— vagaroso e sério, 
sem um engano, 
sem um sorriso. 
Depois, o pai morreu 
como estava previsto. 
E o Senhor António 
(tão novinho e já era «o Senhor António»!...) 
ficou dono da loja e chefe da família... 
Envelheceu, casou, teve meninos, 
tudo como quem soma ou faz multiplicação!... 
E quando o mais velhinho 
já sabia contar, ler, escrever, 
o Senhor António deu balanço à vida: 
tinha setenta anos, um nome respeitado... 
— que mais podia querer? 
Por isso, 
num meio-dia de Verão, 
sentiu-se mal. 
Decentemente abriu os braços 
e disse: — Vou morrer. 
E morreu!, morreu de congestão... 

em "Planície"

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