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Poema e Poesia de Vitorino Nemésio

Amor
Vitorino Nemésio

O Poema em que te Busco é a Minha Rede

O poema em que te busco é a minha rede, 
Bem mais de borboletas que de peixes, 
E é o copo em que te bebo: morro à sede 
Mas ainda és margarida e não-me-deixes 
E muito mais, no enumerar das coisas: 
Cordão de laço e corda de violino, 
Saliva de verdade nalgum beijo, 
E poisas 
Como ave de aço em pão se não te vejo. 
Mas onde mais real do céu me avisas 
É nas tuas camisas, 
Calças de cor no catre bem dobradas. 
E és os meus pensamentos, se te ausentas, 
Meu ciúme escuro como vinho em toalha; 
E o branco circular das horas lentas 
Que um perfurante amor lembrado espalha. 
Põe o penso no velo intercrural 
Com um atilho vertical: 
Rosa coberta esquiva 
Quer a mão do desejo, quer 
O conhecido cravo da agressão 
Que estendo às tuas formas de mulher, 
Com esta soma e verbal percaução 
De um fónico doutor de Mompilher. 

Em "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga"

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