loading gif
Loading...

Poema e Poesia de António Nobre

Infância
António Nobre

Menino e Moço

Tombou da haste a flor da minha infancia alada, 
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim: 
Voou aos altos céus Sta Aguia, linda fada, 
Que d'antes estendia as azas sobre mim. 

Julguei que fosse eterna a luz d'essa alvorada, 
E que era sempre dia, e nunca tinha fim 
Essa vizão de luar que vivia encantada, 
N'um castello de prata embutido a marfim! 

Mas, hoje, as aguias de oiro, aguias da minha infancia, 
Que me enchiam de lua o coração, outrora, 
Partiram e no céu evolam-se, a distancia! 

Debalde clamo e choro, erguendo aos céus meus ais: 
Voltam na aza do vento os ais que a alma chora; 
Ellas, porém, Senhor! ellas não voltam mais... 

António Nobre, in 'Só'

Voltar

Faça o login na sua conta do Portal