Poema e Poesia de Maria Teresa Horta
A pele goza
a pele muda
a pele sangra
Na turvação oculta
sob os dedos
no enredo do ciúme
A hesitar
em ser arrebatada
ou ser enredo
A pele vive
e pulsa
a pele gosta
Entrega-se na pressa
à desmesura, debaixo
do vestido a sussurrar
Como um pássaro
de lume
ou de loucura
A pele quer e fere
renda e faca
a pele sara e fecha na cintura
Ferro no arroubo
veia intacta
tacto de cetim e aventura
Mas logo cicatriza
quando rasga
ora eclipse ora lua
A pele conta
e seduz
a pele invoca
Com o seu
febril odor
de pérola acesa
Tendo da camélia
a maciez do sexo
amêndoa fendida na beleza
A pele entorna
a pele turva despida
a pele evita
A pele cura
mata
e silencía
Da palma e da vagina
o lento odor da folha
do roseiral do corpo
E da poesia