Sinopse
Em 2000, com a publicação de «Biografia», José Agostinho Baptista encerrava um longo ciclo de escrita, reunida nesse volume. Agora, «Esta Voz é Quase o Vento» vem dar continuidade à nova fase de produção poética iniciada com «Anjos Caídos» (2003).
Extras
in Magazine Artes, Novembro de 2004
Torcato Sepúlveda, Grande Reportagem
"Exercício de memórias e despedidas o deste pequeno volume de um dos poetas grandes de língua portuguesa. Um adeus pungente que atravessa paisagens familiares, o regaço materno, os cais e paragens do país, as casas brancas onde as buganvílias crescem à porta, as preces."
S.S.C., Visão
COMOVEM-ME
Comovem-me ainda os dias que se levantam
no deserto das nossas vidas.
Dos belos palácios da saudade
não resta a impressão dos dedos nas colunas
fendidas, e nada cresce nos pátios.
Muito além, depois das casas, o último
marinheiro continua sentado.
Os seus cabelos são brancos, pouco a pouco.
Aqui, tudo se resume a algumas tâmaras que
secaram ao sol,
longe do orvalho,
das fontes que pareciam nascer de um olhar
turvo sobre a sede da terra.
Comovem-me ainda as palavras que dizias
aos meus ouvidos aprisionados pela música.
Comovem-me as cadeiras vazias, no pátio.
Lembro-me sempre de ti.
COMOVEM-ME
Comovem-me ainda os dias que se levantam
no deserto das nossas vidas.
Dos belos palácios da saudade
não resta a impressão dos dedos nas colunas
fendidas, e nada cresce nos pátios.
Muito além, depois das casas, o último
marinheiro continua sentado.
Os seus cabelos são brancos, pouco a pouco.
Aqui, tudo se resume a algumas tâmaras que
secaram ao sol,
longe do orvalho,
das fontes que pareciam nascer de um olhar
turvo sobre a sede da terra.
Comovem-me ainda as palavras que dizias
aos meus ouvidos aprisionados pela música.
Comovem-me as cadeiras vazias, no pátio.
Lembro-me sempre de ti.