Novidades Esfera dos Livros para Novembro

Mocidade Portuguesa Feminina
Irene Flunser Pimentel

«Uma mulher que me deixasse ler o jornal em paz (…), que, quando eu estivesse a trabalhar, soubesse fazer silêncio (…), não olhasse para a minha mãe com olhos de nora ciumenta (…), não me esgotasse a paciência fazendo-me sempre esperar (…), não me desequilibrasse o orçamento (…). Uma mulher capaz de compreender a doce sujeição que a esposa deve ao marido.»

Revista da MPF – Menina e Moça, 1948

Em 1937, a Mocidade Portuguesa Feminina (MPF) nascia com o objectivo de criar a nova mulher portuguesa: boa esposa, boa mãe, boa doméstica, boa cristã, boa cidadã sempre pronta a contribuir para o Bem comum, mas longe da intervenção política deixada aos homens.

A historiadora Irene Flunser Pimentel traça-nos a história deste movimento, obrigatório para mulheres dos sete aos catorze anos, através do Boletim do MPF e mais tarde da revista Menina e Moça, veículos de transmissão dos valores e comportamentos ditados pelo regime salazarista.

Ao folhearmos estas páginas, deparamo-nos com raparigas fardadas de bandeira em punho, lições de lavores e trabalhos manuais ou outros afazeres da vida doméstica, indicações sobre o fato de banho oficial com decote pouco generoso e saia não muito curta, lemos textos sobre a atitude a ter em casa com o marido, conselhos sobre livros fundamentais e outros proibidos aos olhos destas jovens e aprendemos as virtudes dos grandes heróis nacionais como D. Filipa de Lencastre ou o Santo Condestável.

Irene Flunser Pimentel licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, em 1984. O seu doutoramento incide sobre a PIDE/DGS, polícia política do Estado Novo, entre 1945 e 1974. Em 2007, recebe o Prémio A. Sedas Nunes de Ciências Sociais pelo seu livro Judeus em Portugal Durante a II Guerra Mundial, editado pela Esfera dos Livro em 2006.

Catarina de Áustria
Ana Isabel Buescu

A 14 de Janeiro de 1507 nascia em Torquemada a filha de Filipe I e de D. Joana, reis de Castela. A infanta, a quem por vontade da mãe foi dado o nome de Catarina, vinha ao mundo em circunstâncias singulares. Nascia num momento de profunda incerteza política, órfã de pai, falecido em 1506, e filha de uma rainha a quem muitos começavam a chamar Louca.

Em 1509, D. Joana foi encarcerada no paço régio de Tordesilhas, às ordens de Fernando, o Católico. Catarina partilhou com a mãe o cativeiro e aí cresceu num monótono e confinado quotidiano apenas quebrado em 1518 pelo breve episódio do seu «rapto» pelo irmão Carlos, recém-chegado a Espanha, e pela revolta das Comunidades de Castela em 1520.

D. Catarina ocupou o trono de Portugal até à morte de D. João III e foi regente na menoridade do rei D. Sebastião, seu neto, até 1562.

A sua vida foi marcada pelo drama da morte de todos os nove filhos, que gerou num processo que, dadas as tão estreitas relações familiares e dinásticas com a Espanha de Carlos V e depois de Filipe II, veio a fazer da sucessão do trono português um delicado problema político.

D. Catarina faleceu na madrugada de 12 de Fevereiro de 1578, poucos meses antes de se consumar, em Alcácer Quibir, o desaparecimento de D. Sebastião e, com ele se traçar o fim da dinastia de Avis.

Ana Isabel Buescu nasceu em Lisboa. É doutorada em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde é professora na área de História Moderna. Além de artigos em revistas académicas nacionais e estrangeiras publicou vários livros, entre os quais O Milagre de Ourique e a História de Portugal de Alexandre Herculano. Uma Polémica Oitocentista (1987), Imagens do Príncipe. Discurso Normativo e Representação (1525-1549) (1996), Memória e Poder. Ensaios de História Cultural (séculos XV-XVIII) (2000) e a biografia D. João III (1502-1557) (2005). Em colaboração, coordenou a edição de O Corpo e o Gesto na Civilização Medieval, 2006.

Criaturas do Abismo
Claire Nouvian

Os Abismos formam o maior habitat da Terra. Ora, nós conhecemos melhor alguns planetas do sistema solar do que as entranhas do nosso próprio planeta. A exploração deste reino das trevas revelou que a vida se desenvolvia até às profundezas mais extremas dos nossos oceanos e sob as formas mais surpreendentes.

Impressionada pelas imagens que descobriu nos Estados Unidos, a autora quis partilhar os segredos que repousam por detrás das paredes bem guardadas dos institutos de investigação oceanográfica. Solicitou a cooperação dos maiores investigadores internacionais e reuniu, em três anos de trabalho, todas as fotografias recentes realizadas pelos raros submersíveis e robots capazes de mergulhar até aos 6000 metros de profundidade.

Desta colecção exclusiva, única no mundo até hoje, a autora escolheu as imagens mais espectaculares: vampiro dos abismos, polvo-com-orelhas, monstros das profundezas, fósseis vivos e frágeis criaturas bioluminescentes. São fotografias inéditas que alargam as nossas fronteiras do saber e nos deixam sem voz perante a diversidade da vida na Terra.

Claire Nouvian, jornalista, produtora e realizadora, percorre o mundo desde há dez anos para filmar séries sobre animais. A sua paixão pela fauna submarina e pelo mergulho, levou-a a especializar-se neste domínio. Participou na escrita e realização do filme Microcéan, escreveu Océanoutes, um documentário sobre a conquista das profundezas e realizou um documentário científico, Expédition dans les Abysses, sobre a reciclagem das carcaças das baleias no fundo dos mares. Em Outubro de 2005 foi correspondente da missão oceanográfica do Instituto de Investigação Harbor Branch, no Golfo do Maine. Recebeu vários prémios como escritora e realizadora de vários filmes.

Cozinha Italiana de Augusto Gemelli
Augusto Gemelli

Da tradicional Lasagna à Bolonhesa ou do Ossobuco à Milanesa passando pelo criativo Linguine Nere, o Milfolhas de Parmesão, o Risotto de Pimento, o chef Augusto Gemelli convida-nos a fazer uma viagem gastronómica pelos sabores, texturas e cheiros da sua terra natal: Itália.

De norte a sul do país, Augusto Gemelli leva-nos a conhecer Roma, Nápoles, Florença através dos pratos tradicionais de cada região. Viajamos através de receitas fortes e condimentadas, descobrimos os delicados temperos e ervas aromáticas, apreciamos os diferentes tipos de massa fresca, o peixe das zonas costeiras e o tomate, base dos famosos estufados e guisados do centro do país.

Augusto Gemelli, um dos mais prestigiados chefes italianos a residir em Portugal, apresenta-nos o melhor da sua cozinha. Entre a tradição e a fantasia, este livro reúne receitas tradicionais, mas também receitas da mais moderna cozinha italiana, fruto das suas muitas viagens à volta do mundo e da experiência que adquiriu nos restaurantes de prestígio onde trabalhou.

Augusto Gemelli nasceu em Itália, em Julho de 1967. Em 1984, terminou o curso na escola hoteleira Carlo Porta em Milão e conquistou uma posição de prestígio no mundo da restauração milanesa. Fez parte das equipas de cozinha de grandes chefes italianos como Claudio Sadler, Gualtiero Marchesi e Umberto Vezzoli. Convidado para participar num novo projecto de restauração ligado à cozinha italiana, chega a Portugal em 1996.

A euforia da Expo 98 e o sucesso da sua cozinha em Lisboa faz crer a Augusto Gemelli que, em Portugal, é possível fazer algo pela restauração made in Italy. Um ano mais tarde, no final de 1999, encontra, finalmente, um espaço que transforma num restaurante acolhedor onde começa a semear em terras lusas uma nova cozinha italiana.