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Poema e Poesia de Antero de Quental

Sonhei - nem sempre o sonho é coisa vã - 
Que um vento me levava arrebatado, 
Através desse espaço constelado 
Onde uma aurora eterna ri louçã... 

As estrelas, que guardam a manhã, 
Ao verem-me passar triste e calado, 
Olhavam-me e diziam com cuidado: 
Onde está, pobre amigo, a nossa irmã? 

Mas eu baixava os olhos, receoso 
Que traíssem as grandes mágoas minhas, 
E passava furtivo e silencioso, 

Nem ousava contar-lhes, às estrelas, 
Contar às tuas puras irmãzinhas 
Quanto és falsa, meu bem, e indigna delas! 

Antero de Quental, in "Sonetos"

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