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Poema e Poesia de Carlos Drummond de Andrade

Os amantes se amam cruelmente 
e com se amarem tanto não se vêem: 
Um se beija no outro, reflectido. 
Dois amantes que são? Dois inimigos. 

Amantes são meninos estragados 
pelo mimo de amar: e não percebem 
quanto se pulverizam no enlaçar-se, 
e como o que era mundo volve a nada. 

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma 
que os passeia de leve, assim a cobra 
se imprime na lembrança de seu trilho. 

E eles quedam mordidos para sempre. 
Deixaram de existir, mas o existido 
continua a doer eternamente. 

em 'Lição de Coisas'

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