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Poema e Poesia de Álvaro de Campos

Alma
Álvaro de Campos

O Descalabro

O descalabro a ócio e estrelas... 
Nada mais... 
Farto... 
Arre... 
Todo o mistério do mundo entrou para a minha vida econômica. 
Basta!... 
O que eu queria ser, e nunca serei, estraga-me as ruas. 
Mas então isto não acaba? 
É destino? 
Sim, é o meu destino 
Distribuido pelos meus conseguimentos no lixo 
E os meus propósitos à beira da estrada — 
Os meus conseguimentos rasgados por crianças, 
Os meus propósitos mijados por mendigos, 
E toda a minha alma uma toalha suja que escorregou para o chão. 

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O horror do som do relógio à noite na sala de jantar dê uma casa de 
província — 
Toda a monotonia e a fatalidade do tempo... 
O horror súbito do enterro que passa 
E tira a máscara a todas as esperanças. 
Ali... 
Ali vai a conclusão. 
Ali, fechado e selado, 
Ali, debaixo do chumbo lacrado e com cal na cara 
Vai, que pena como nós, 
Vai o que sentiu como nós, 
Vai o nós! 
Ali, sob um pano cru acro é horroroso como uma abóbada de cárcere 
Ali, ali, ali... E eu? 

em "Poemas" 

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