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Poema e Poesia de Alberto d'Oliveira

Mundo
Alberto d'Oliveira

O Mar Agita-se, como um Alucinado

O Mar agita-se, como um alucinado: 
A sua espuma aflui, baba da sua Dor... 
Posto o escafandro, com um passo cadenciado, 
Desce ao fundo do Oceano algum mergulhador. 

Dá-lhe um aspecto estranho a campânula imensa: 
Lembra um bizarro Deus de algum pagode indiano: 
Na cólera do Mar, pesa a sua Indiferença 
Que o torna superior, e faz mesquinho o Oceano! 

E em vão as ondas se lhe enroscam à cabeça: 
Ele desce orgulhoso, impassível, sem pressa, 
Com suprema altivez, com ironias calmas: 

Assim devemos nós, Poetas, no Mundo entrar, 
Sem nos deixarmos absorver por esse Mar 
— Pois a Arte é, para nós, o escafandro das Almas! 

Alberto de Oliveira, in "Bíblia do Sonho"

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